Resenha | Mulheres Sem Nome – Martha Hall Kelly
Mulheres Sem Nome é o romance de estreia de Martha Hall Kelly. É um livro de ficção histórica sobre o holocausto, lançado no final do ano passado pela editora Intrínseca, que cedeu um exemplar em parceria para resenha.
Confesso que não estou acostumada a me apossar de histórias sobre A Segunda Guerra Mundial, porque elas me atingem de forma profunda e me puxam para baixo. Porém, ao ler Mulheres Sem Nome, admito que essas histórias são extremamente importantes, assim como os sentimentos que elas estimulam. São histórias que precisam ser contadas e ouvidas.
“Simplesmente não sinta nada. Se quer viver, não pode sentir”.
Mulheres Sem Nome conta a história de mulheres completamente diferentes, de nacionalidade, idade e personalidades distintas uma das outras, que acabam tendo seus caminhos entrelaçados em algum momento da vida.
A história dispõe de três pontos de vistas diferentes. Caroline Farriday é uma ex atriz socialite que vive em Nova York, trabalha como voluntária no Consulado da França e algumas outras causas nobres voltadas à crianças órfãs.
Kasia Kuzmerick é uma jovem de 17 anos que mora na Polônia e vê sua vida e das pessoas que ela mais ama se transformar com a invasão dos nazistas no seu país. Para se opor ao regime tirano ao qual são forçados a viver, Kasia entra para resistência, mas acaba sendo presa e levada para um campo de concentração.
“Nenhuma de nós sabia como estávamos erradas naquela manhã quando saímos do trem e mergulhamos no inferno”.
Enquanto isso, também temos a presença de Herta Oberheuser, uma médica alemã audaciosa que almeja um trabalho para exercer sua função de formação, e acaba tendo a oportunidade de trabalhar como a única médica mulher em um campo de concentração.
O ponto central da história gira em torno de Ravensbrück, um campo de concentração – ou de reeducação, como era intitulado – só para mulheres. Nós presenciamos as atrocidades de um ambiente conturbado, onde milhares de mulheres vivem situações de tortuosidade e má condições de vida. E a tortura atinge o seu ápice quando essas mulheres são submetidas a experiências medicinais.
“Não gaste sua energia com ódio ou isso vai acabar matando você. Concentre-se em se manter forte. Você é inteligente. Descubra uma maneira de ser mais espertas do que elas”.
Embora Kasia seja a personagem mais jovem, seus capítulos foram os mais difíceis de encarar. Ela vivenciou a crueldade de Ravensbrück, viu pessoas próximas, família e amigos sucumbir ou desaparecer. Sentiu na pele as experiências medicinais absurdas que eram aplicadas às mulheres jovens e saudáveis – que mais tarde ficaram conhecidas como as Coelhas de Ravensbrück. E com ela também foram os capítulos mais surpreendentes e tocantes. Acompanhamos a evolução de uma garota jovem, de personalidade forte e que não desiste de lutar.
Com Herta, temos a perspectiva de quem está do outro lado da guerra. Seus pontos de vistas foram quase intragáveis, mas ao mesmo tempo essenciais, que acabou fazendo a grande diferença do livro. Assistimos a mentalidade e as motivações da médica responsável por exercer seus experimentos medicinais bizarros e cruéis às mulheres de Ravensbrück.
Apesar de achar os capítulos de Caroline na maior parte do tempo um pouco deslocado dos demais, as partes narradas por ela serviam como descontração, um momento de alívio entre os capítulos mais angustiantes e difíceis. Fora o fato de você se encantar com o empenho e o grande coração da personagem.
O que achei mais interessante é que a história não para com o fim da guerra, ela avança e vai muito mais além, mostrando as consequências e as sequelas de um período excruciante.
“Eu havia sobrevivido a Ravensbrück. Como a vida cotidiana poderia ser mais difícil do que aquilo?”
A narrativa de Martha é crua, sem floreios, o que faz com que você acompanhe a história angustiada diante das atrocidades, com aquele nó na garganta. Algo que achei impressionante na sua escrita, foi a capacidade de apresentar personagens tão diferentes uma da outra e dar voz à cada uma de uma maneira ímpar.
Por mais que você pesquise, leia e procure sobre o assunto, sempre há mais para se surpreender. Eu não tinha conhecimento sobre Ravensbrück e fiquei chocada e triste por descobrir as crueldades e as condições que eram impostas às mulheres que viviam ali.
Mulheres Sem Nome apresenta uma história forte, comovente e poderosa, mas sobretudo, ela também é sobre esperança. Em meio à tantas maldades e dificuldades, existiam também muitas pessoas boas, com espírito e coragem para combater tudo isso.
No final do livro temos a nota da autora, no qual ela cita os principais pontos de partida para a criação de sua história e as referências tiradas da realidade. Grande parte da história e dos personagens foram inspirados em fatos reais. Martha decidiu contar a história de mulheres sem nome, verdadeiras heroínas desconhecidas.
Exemplar cedido em parceria com a editora.
Título: Mulheres Sem Nome
Autor: Martha Hall Kelly
Tradução: Ana Rodrigues, Cássia Zanon e Maria Carmelita Dias
Editora: Intrínseca
Ano: 2017
Páginas: 496
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SINOPSE: A socialite nova-iorquina Caroline Ferriday está sobrecarregada de trabalho no Consulado da França, em função da iminência da guerra. O ano é 1939 e o Exército de Hitler acaba de invadir a Polônia, onde Kasia Kuzmerick vai deixando para trás a tranquilidade da infância conforme se envolve cada vez mais com o movimento de resistência de seu país. Distante das duas, a ambiciosa Herta Oberheuser tem a oportunidade de se libertar de uma vida desoladora e abraçar o sonho de se tornar médica cirurgiã, a serviço da Alemanha. Três mulheres cujas trajetórias se cruzam quando o impensável acontece: Kasia é capturada e levada para o campo de concentração feminino de Ravensbrück, onde Herta agora exerce sua controversa medicina. Uma história que atravessa continentes — dos Estados Unidos à França, da Alemanha à Polônia — enquanto Caroline e Kasia persistem no sonho de tornar o mundo um lugar melhor. Costurado por fatos históricos e personagens femininas poderosas, Mulheres Sem Nome é um romance extraordinário sobre a luta anônima por amor e liberdade. Um livro inspirador, que encanta e comove até a última página.
Ariela Oliveira
Oii Gisele, não conhecia esse livro, já pelo título dá pra saber que a história é “forte”. Gosto de histórias sobre a segunda guerra mundial, sobre os acontecimentos em campos de concentração, me faz refletir até que ponto pode ir a maldade do ser humano. Achei interessante esse livro ser narrado em pontos de vistas de diferentes personagens é algo que gosto. Parabéns pela resenha, obrigada pela indicação do livro, bjs
Paixões Literárias
Oie
Eu ainda não conhecia esse livro e confesso que, se tivesse lido essa resenha há alguns anos atrás eu teria dito que nunca leria, mas cresci, amadureci e hoje penso diferente, adoraria ler esse livro e saber mais sobre essas mulheres que com certeza devem ter sofrido com o holocausto. Acabei de ler O diário de Anne Frank e ainda estou balançada. Amei a resenha.
Bjos, Bya! 💋
Jessica | Fantástica Ficção
Oiie tudo bom?
Diferente de você Gih eu gosto muito de narrativas que apresentam-se voltada para períodos históricos de dor que sempre me dão uma crescida pesoalmente. O estranho, é que nunca li nada pós-guerra em um sentido de dias ou meses do período.
Eu tenho certeza que amaria esse livro. De todos os modos deve ser uma leitura impactante e engrandecedora.
Beijos.
Blog: Fantástica Ficção
Canto de Estante
Olá.
Só li O menino do pijama listrado dentre tantas obras sobre esse período tão triste, e definitivamente não tenho estruturas para histórias assim porque sempre me imagino no lugar dessas pessoas.
De toda forma, a história me chamou muito a atenção e sei que choraria bastante ao lê-lo.
xoxo
Aline Bettú Bechi
Olá, tudo bom?
Gostei muito da sua resenha!
Esse livro parece bem pesado e triste. A maioria dos livros da Segunda Guerra Mundial acabam com o final da guerra, mas um livro que mostra as consequências foge do padrão e me deixou bem curiosa.
Beijos, Ally.
Amor Literário
ANA CLAUDIA BOTELHO
Ótimo livro!
Cai fundo na história e não consegui parar de ler. Foi incrível!!!
Parabéns a escritora Marhta Hall.
Amor pelos Livros
Oieee,
Que forte, estou com o coração tão apertado e eu só li sua resenha, eu realmente não tenho estruturas para ler um livro assim porque, por mais que a história seja uma ficção ela aconteceu de verdade em algum momento e eu como cristã acho horrível a violência brutal que seres humanos comentem contra outros seres humanos simplesmente por ser diferente em algum sentido, porque um dos nossos principais ensinamentos é amar ao próximo como a nós mesmo! Eu não sabia sobre Ravensbrück mas irei pesquisar!
Resenha maravilhosa e forte!
fabielymiranda
Oi Gih, tudo bem?? Que resenha linda! Amo leituras que trazem no contexto a segunda guerra, embora sejam dolorosas as experiências vividas , são reais e gosto de me emocionar e aprender um pouco mas as lendo a história de grandes pessoas que lutaram ou sobreviveram durante esse período brutal.
Sem dúvidas uma leitura que iria me emocionar muito!
anotei a dica!
Beijos
jOYCE
Oieee, eu sou apaixonada por histórias sobre o holocausto/ 2 Guerra Mundial, fico triste à beça com o sofrimento das pessoas , mas sempre tiro algo de bom da leitura e trago pra minha realidade. Esse pelo que vejo está focado à figura feminina e sua coragem, então mais um motivo para tê-lo em minha estante. Waleu pela dica.
Crônicas de Eloise
Oi Gisele,
Também me sinto para baixo quando leio histórias assim, a Segunda Guerra teve muitos momentos de pura crueldade e ler sobre elas deve ser bem angustiante, no entanto, também me interessei pelo livro. Gostei que ele apresenta diferentes pontos de vistas de mulheres e adorei saber que a história vai além da guerra mostrando as sequelas desta. Parece ser um livro tocante, chocante e reflexivo.
Com certeza colocarei na lista de leituras futuras!<3
Bjokas da Elo!
http://cronicasdeeloise.blogspot.com.br/
citationb
Oiii , eu quase nunca , bem raramente leio sobre a guerra , isso me deixa mal… Mas algumas histórias(como essa ) são tão lindas 😍😍😍 … Fiquei apaixonada pq é bem a minha cara…