Resenha | Skyward: Conquiste as estrelas, Brandon Sanderson

Skyward foi uma das leituras mais gostosas que realizei esse ano. O último lançamento de Brandon Sanderson no Brasil pela editora Planeta pode ser facilmente descrito como hilário. Entre aventuras, personagens e situações inusitadas, a fluidez da narrativa se destaca, pontuada com momentos muito divertidos.

Depois de quase serem extintos, os remanescentes da raça humana estão presos em um planeta que é constantemente atacado por uma espécie misteriosa de alienígenas. Pouco se sabe sobre quem eles são e quais os seus verdadeiros propósitos. Tudo o que sabemos é que eles fazem o possível para acabar com os humanos, mantendo-os encurralados em Detritos. O planeta leva esse nome porque é rodeado de lixo especial, tanto que é quase impossível enxergar o céu entre os escombros.

É neste palco onde conhecemos Spensa, uma adolescente que tem o sonho de se tornar piloto, como seu pai, Chaser, um dia foi. Um dos principais empecilhos que Spensa encontra pela frente é a consequência dos atos dele, que desertou em uma das maiores batalhas contra o inimigo e precisou ser abatido por isso. Desde então, Spensa vive às sombras da reputação do pai, conhecida como a filha de um covarde. Entre a persistência de se tornar piloto, ela também fará de tudo para provar que todos estão errados sobre ele.

“As pessoas precisam de histórias, filha. Elas nos trazem esperança, e essa esperança é real. Se esse é o caso, então o que importa se as pessoas das histórias realmente existiram?”

Spensa já me cativou logo de cara. Ela é o tipo de garota persistente, que vai até o fim para conseguir o que quer. Entretanto, suas características um tanto peculiares foi o que mais me chamou a atenção. Ela cresceu ouvindo de sua avó, diversas histórias sobre batalhas e guerreiros vikings lendários, e isso acabou influenciando diretamente na personalidade dela. Não se espante ao ouvir discursos épicos e um tanto sanguinários vindo de uma garota jovem e bem baixinha. Infelizmente (ou felizmente), ela não é levada muito a sério quando fala dessa forma. Pior para seus inimigos.

“Conquiste as estrelas, Spensa.”

Os demais personagens também foram muito bem apresentados, e o meu principal erro foi me apegar facilmente a eles. Afinal, estamos falando de uma história permeada de batalhas. Apesar do livro ser conduzido com leveza, ele possui alguns momentos bastante dramáticos e com muitas perdas, já vou logo avisando. As partes mais divertidas do livro é quando há interação entre os personagens, porque os relacionamentos são construídos com muita naturalidade. Os meus personagens favoritos são M-Bot, um IA extremamente divertido, e Doomslug, uma lesma fofíssima. Isso mesmo, uma lesma.

A trama também se desenvolve com muita fluidez. Ela é recheada de ação e muito diálogo, até mesmo os elementos científicos são dispostos com simplicidade. Os mistérios da história ajudam a instigar a leitura, que por si só já é muito gostosa, então dificilmente eu consegui largar o livro; li tudo em pouquíssimos dias.  

Mas o ponto alto ainda está por vir. Por se tratar de um YA e um livro protagonizado por uma garota, é quase certo que haverá um romance. Logo quando iniciei Skyward, esperei que um romance se infiltrasse na trama a qualquer momento, mas para a minha surpresa, isso não acontece. Não que eu não goste de um bom romance, na verdade eu adoro, desde que ele seja bem estruturado. O problema é que venho me frustrando muito com romances mal desenvolvidos, que tomam o foco da trama. Aqui, temos alguns bons momentos de flerte (inclusive já tenho meu ship), mas praticamente nada de romance, nada que é preciso ser forçado goela à baixo.

“Toda minha vida eu lutara contra o ressentimento, vociferando que eu seria piloto e que seria boa o bastante. Onde estava aquela confiança agora?”

Com tudo isso o que falei, vocês devem estar imaginando que Skyward apresenta o melhor do autor: personagens carismáticos, universo criativo, humor. Entretanto, ficou faltando uma coisinha, uma das justificativas por eu não ter dado nota máxima. Apesar de escrever trilogias e séries, Brandon Sanderson sempre nos presenteia livros com um arco bem fechadinho, com começo, meio e fim, deixando apenas algumas pontas soltas para te instigar a dar continuidade na história. Aqui, ele segura demais os mistérios e sobrecarrega as últimas páginas do livro com muita informação, não deixando escolha para os leitores, se não a de querer desesperadamente a continuação.

Não que isso seja extremamente ruim ou atrapalhe o andamento da história, que na minha opinião flui muito bem, mas acredito que ele poderia ter entregado essas informações com antecedência, nos dando chance para digerí-las e entender melhor a história. Conhecendo o autor como conheço, sei que ele é capaz de fazer melhor.

A esta altura do campeonato, sinto que tenho uma relação bastante madura com Brandon Sanderson, que é um dos meus autores favoritos. Por ter lido uma quantidade considerável de livros de sua autoria, já acabei encarando diversos acertos e erros seus. Há sempre uma expectativa quando o assunto é iniciar um novo livro do autor, ainda mais quando estamos falando de uma nova série, onde um novo universo será explorado.  Com muita satisfação, acredito que ele acertou a mão em Skyward. A história não é isenta de problemas, como já citei acima, mas eles ficaram em segundo plano diante da experiência prazerosa que a leitura resultou.

“Algumas vezes, as respostas que precisamos não combinam com as perguntas que fazemos.”

Após alguns meses que finalizei a leitura, ainda não consigo tirá-la da cabeça. Estou desesperada pela continuação (parabéns, Sanderson!) e para a minha felicidade, ela já tem data de lançamento lá fora. Basta torcer para o livro não demorar para ser lançado aqui também. Além do cliffhanger deixado pelo autor nas últimas páginas, sinto falta dos personagens e do tom divertido da história. Com certeza Skyward também é uma ótima pedida para quem está começando a se aventurar no gênero de sci-fi.


Skyward

Título: Skyward: Conquiste as Estrelas (Skyward #1)
Autor: Brandon Sanderson
Tradução: Márcia Blásques
Editora: Planeta Minotauro
Ano: 2018
Páginas: 400
Skoob | Goodreads | Amazon

SINOPSE: Nesse novo épico do aclamado autor Brandon Sanderson, o futuro da humanidade depende dos sonhos de uma garota. Derrotada, devastada e levada quase à extinção, a raça humana se vê presa em um planeta distante, constantemente atacado por misteriosos combatentes alienígenas. Spensa, uma adolescente, anseia por se tornar piloto e se juntar à resistência. Quando descobre os restos de uma velha nave, um modelo que a garota nunca tinha visto na vida, percebe que esse sonho pode enfim se tornar realidade. Para isso, no entanto, a garota precisará consertar a grande nave, aprender a pilotá-la e – talvez o mais difícil – convencer a inteligência artificial que controla os restos da embarcação a ajudá-la: essa incrível nave, de alguma forma, parece ter uma alma própria.

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3 Comments

  1. Eloise

    Oi Gisele,

    Eu quero muito conhecer a escrita do autor e você como sempre me convencendo e me animando ainda mais. Adorei a resenha e suas impressões. Parece ser uma leitura deliciosa, já fiquei com vontade de conhecer Spensa, que parece ser uma personagem super cativante e do jeito que gosto. Adorei saber que não tem romance. Dependendo do livro isso pode atrapalhar um pouco (ou muito hahah) e como você mesma disse nada pior do que um romance mal desenvolvido. Parece ser uma história incrível , necessito conhecer!

    Bjokas da Elo!
    http://cronicasdeeloise.blogspot.com/

  2. Ana Claudia Ponce

    Curti muito a escrita do autor no livro “Coração de Aço”, quero concluir a trilogia esse ano. Ele realmente é muito criativo, e faz com que o leitor entre com facilidade na narrativa. Com certeza buscarei mais obras do autor. Obrigada pela dica 😘

  3. Isa Santos

    Essas obras que nos prendem a ponto de mal poder ver a continuação, são incríveis! É sempre gostoso ler um livro assim hehehe Me intrigou e fiquei com vontade de ler também!! Parabéns pela resenha.

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