Resenha | Tempo Estranho, Joe Hill

O que um homem com uma máquina fotográfica Polaroid, um segurança de shopping com fascinação por armas, uma ilha de nuvens e uma chuva de metais capaz de dizimar a população de cidades e provocar guerras têm em comum? A resposta é: um Tempo Estranho, livro de Joe Hill, lançamento do mês de junho da editora Harper Collins Brasil.

O livro foi escrito em 2017 e conta com quatro contos, ou novela. Sinceramente não sei dizer, porque cá entre nós, preferi me ater nas histórias ao contar a quantidade de palavras que cada continha. E de antemão peço desculpas, caso o texto não fique tão bom, pois é a primeira vez que resenho uma coletânea de contos.

A primeira história apresentada é Instantâneo. Narrado em primeira pessoa, pelo protagonista Michael Figlione. Ele relembra um caso ocorrido em sua adolescência, quando tinha a idade de 13 anos, e sua antiga babá, Shelly Beukes sofria de Alzheimer. Ao que tudo indica essa grave doença começou quando ela foi fotografada por um homem estranho com uma máquina Polaroid em mãos. Após ele tirar a foto de alguém, a pessoa nunca mais era a mesma.

Depois somos apresentados a Carregado. O segurança de shopping, Kellaway, se vê obrigado a abrir mão de suas armas após receber um pedido de divórcio de sua esposa, que alega ter sido ameaçada por ele, quando colocou uma arma na cabeça do filho caso ela resolvesse abandonar o casamento. Na mesma história, temos outra personagem, Aisha Lanternglass, uma repórter do jornal local, que na infância sentiu na pele o que é correr o risco de morrer, pelo simples fato de ter nascido negra. Particularmente, esse foi o conto que mais curti, pois temos temas como posse de armas, preconceito, intolerância e as consequências que cada um é capaz de trazer.

Em Nas Alturas, Aubrey tenta saltar de paraquedas de um avião, para homenagear sua ex-namorada, June. Mas o que ele não esperava era acabar caindo em uma ilha misteriosa de nuvens, que é capaz de moldar objetos e pessoas, conforme sua vontade e de acordo com o que ele pensa.

“Mesmo quando se perde alguém, na verdade ainda se mantém um relacionamento com aquela pessoa, um relacionamento que precisa ser cuidado como um relacionamento com qualquer amigo ou parente vivo.”

E por fim, Chuva nos mostra a segunda narrativa em primeira pessoa. A história toda é contada por Honeysuckle Speck, uma jovem de na casa dos 20 e poucos anos de idade. No momento em que ela recebe a visita de sua namorada, Yolanda, e da sogra, uma estranha chuva cai em Boulder, no estado do Colorado. Ao invés de água, chovem agulhas e pregos dourados e prateados, dizimando a população de inúmeras cidades do estado. Esse conto tem uma pegada mais pós-apocalíptica, pelo menos no meu ponto de vista. E aqui, vemos como as pessoas tornam a sociedade um caos ainda maior quando o medo está em nossas mentes, e em momento algum, deixam de lado seus preconceitos para o que muitos grupos consideram “anormal.”

Joe Hill foi dinâmico e não poupou crueldade nessas quatro histórias. E se mostrou versátil ao nos apresentar tramas com gêneros literários diferentes. Começou com terror, partiu pra thriller, um pouco de fantasia e por fim, cenário pós-apocalíptico. E nos mostrou outra coisa, que independente de ser sobrenatural ou não, somos capazes de mostrar o que temos de pior quando o medo assola em nossas mentes.


Tempo Estranho

Título: Tempo Estranho
Autora: Joe Hill
Tradução: André Gordirro
Editora: Harper Collins
Ano: 2019
Páginas: 448
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Sinopse: O terror pode estar presente em qualquer lugar. Ele pode se esconder em uma foto que guarda uma lembrança querida, em uma única pessoa em um shopping lotado, nas nuvens e seus diversos e estranhos formatos e até mesmo em algo tão pequeno e insignificante quanto uma agulha. Nesta coletânea de histórias inéditas, Joe Hill, autor best-seller do The New York Times, nos faz perceber que a presença do horror não está apenas ligada a clichês como lugares escuros, casas velhas e monstros além da imaginação, mas que, mesmo em um belo dia de sol em meio a uma multidão, você nunca está verdadeiramente a salvo. 
Em “Instantâneo”, um adolescente tenta ajudar uma vizinha idosa que luta contra o Alzheimer, mas logo percebe que a perda de memória dela ocorre por causa de um estranho homem munido de uma estranha máquina fotográfica. “Carregado” apresenta um segurança de shopping que, usando o próprio revólver, impede um tiroteio em massa e se torna herói do movimento a favor do porte de armas. No entanto, conforme a verdade sobre o tiroteio é revelada, a pressão talvez seja maior do que ele pode aguentar. Em “Nas alturas”, um rapaz faz seu primeiro voo de paraquedas para impressionar o amor de sua vida e acaba caindo em uma nuvem sólida que tem a capacidade de realizar seus desejos. E, para finalizar, “Chuva” acompanha a jornada de uma jovem que presencia uma tempestade de afiadas agulhas de cristal que matam e destroem tudo o que encontram abaixo.
Em cada uma dessas histórias um mundo de terror espetacular nos é apresentado, mas sem deixar de ter seus momentos ternos, edificantes e, acima de tudo, realistas. O motivo principal de Joe Hill é apresentar a dicotomia entre o bem e o mal presente em cada ser humano. Ao explorar temas clássicos da literatura com um toque de sobrenatural, Tempo estranho é uma coletânea estelar de “um dos maiores escritores de horror dos Estados Unidos”, segundo a revista Time.

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