Oblivion Song vol. 2 – Entre Dois Mundos, Robert Kirkman

O primeiro volume de Oblivon Song me apresentou a um universo muito promissor, e uma das maiores surpresas foi descobrir que a história era de autoria de Robert Kirkman, também criador de The Walking Dead. Entretanto, a história ficou devendo em uma coisa, os personagens. Apesar de ter achado a trama muito intrigante, não cheguei a me conectar de verdade com nenhum deles.

No início do quadrinho, acompanhamos a difícil tarefa do cientista Nathan Cole, que é enfrentar uma dimensão completamente diferente da sua. Oblivion Song carrega esse nome por ser extremamente silenciosa, mas seu território é perigoso e cercado por monstros. Ele precisa enfrentar esse mundo paralelo para trazer pessoas que há anos foram arrancadas de sua realidade e transportadas para lá.

O evento que culminou nesse desastre ainda é desconhecido pelas pessoas, mas não por Nathan. Ele sabe o que pode ter desencadeado essa interferência e troca de elementos entre as dimensões. As pessoas ainda se sentem aterrorizadas por terem tido que lidar com monstros desconhecidos, mas nada se compara a perda de entes de uma hora para a outra. Somente mais tarde que o cientista descobriu uma forma de adentrar Oblivion Song e resgatar as pessoas.

Entretanto, quanto mais elas passam lá, mais demoram para conseguir se readaptar a sua verdadeira realidade, ao barulho do cenário urbano. Com o tempo, o governo desistiu de investir no resgate dessas pessoas por se mostrar inviável, mas Nathan continua com o projeto de forma independente, porque ainda há muitas pessoas desaparecidas, uma delas sendo seu próprio irmão.

A maior questão era entender quais as reais motivações por trás das ações de Nathan. Se era algo pessoal, porque ele mantinha a esperança de encontrar seu irmão, se era por heroísmo ou algum tipo de culpa. Neste segundo volume, todos esses aspectos entram em conflito e nós temos conhecimento sobre a verdadeira faceta de Nathan. Aliás, os demais personagens também estão mais consistentes e apresentam uma evolução. Com isso, a minha principal ressalva com relação ao primeiro quadrinho apresentou um desenvolvimento muito mais satisfatório no segundo volume.

A história também deu um salto nos demais aspectos. Eu fiquei verdadeiramente surpresa com a forma que a trama foi trabalhada e as revelações que ela proporcionou. Algumas vezes parecia até mesmo que eu estava diante de um desfecho, porque achei que alguns mistérios só seriam revelados mais para frente. A história acabou ganhando muito mais pontos comigo por causa disso, porque gosto de tramas que se desenvolvem com agilidade e pegam o leitor de surpresa, indo além do que ele espera.

Além disso, o quadrinho também é frenético, com diversas cenas de ação. Eu me senti temerosa pelos personagens, porque em vários momentos cogitei que as coisas dessem muito errado. Entre um primeiro volume intrigante e muito bem cadenciado, a continuação apresenta uma trama alucinante e quase fechada, que encerra muitos dos arcos iniciados. Fiquei imaginando o que esperar da continuação, ou até mesmo se essa seria uma série curta. Na última página o autor entrega o gancho que eu esperava e me deixou muito curiosa para saber os novos rumos que a história ganhará. 

O cenário caótico de Oblivion Song continua fazendo nossos olhos brilharem. A explosão de cores, sombras e elementos, me fez enxergar demais e ver monstros onde não havia. O mais interessante é a capacidade de Lorenzo de Felici e Annalisa Leoni, através das ilustrações e cores, fazerem com que o silêncio dessa dimensão se mostre tão presente, quase palpável.

Para quem gosta de histórias com cenários pós-apocalípticos e tramas frenéticas, a série Oblivion Song, que está em seu segundo volume, não só continua se mostrando promissora, mas já entrega um enredo que surpreende. E em meio a cenas alucinantes, ainda sobra espaço para discussões muito relevantes, como a dificuldade de se readaptar e encontrar o seu lugar no mundo.

Exemplar cedido em parceria com a editora.

Título: Oblivion Song: Entre dois mundos #2
Autores: Robert Kirkman (roteiro), Lorenzo de Felici (ilustrações) e Annalisa Leoni (cores).
Tradução: Fernando Scheibe
Editora: Intrínseca
Ano: 2020
Páginas: 136
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Sinopse: Mestre em traçar universos distópicos permeados por reflexões sobre família, morte e a natureza humana diante da crise, Robert Kirkman, criador de The Walking Dead, reúne em Oblivion Song vários dos elementos que o consagraram. No segundo volume da série de quadrinhos que conquistou fãs e críticos, voltamos a acompanhar a saga do cientista Nathan Cole para reparar os erros do passado e começamos a entender o mistério que cerca o surgimento da nova dimensão aterrorizante com raros momentos de calmaria.
Anos atrás, 300 mil habitantes da Filadélfia foram repentinamente transportados para Oblivion. O governo investiu muitos recursos em incursões para resgatar as vítimas, mas as buscas foram encerradas. No entanto, algo motivou Nathan Cole a não desistir de procurar por sobreviventes. Quando revelações impensáveis sobre seu passado vêm à tona, ele passa a ter suas ações questionadas pelo governo. Há perguntas sobre Oblivion que só Nathan pode responder, e agora o futuro dos dois mundos está em suas mãos.
Com a arte vibrante de Lorenzo De Felici, Oblivion Song: Entre dois mundos reúne os fascículos 7 a 12 da série e entrelaça ação, suspense e ficção científica numa história sobre as renúncias e as escolhas necessárias para seguirmos em frente.