Motivos para ler: Coração das Trevas
Coração das Trevas foi a última leitura que realizei, e a primeira que fiz nesse mês de outubro (exceto as leituras da faculdade), e assim como outros clássicos que a Dark lançou, este é sensacional. Ainda não tive a chance de recomendá-lo para alguém, então vamos aproveitar esta oportunidade.
1 | PRIMEIRAS IMPRESSÕES
Há quem ache que o início da obra seja um pouco monótono, mas ao menos para mim, a narrativa funcionou desde o primeiro momento. Gosto de leituras onde o autor é prolixo e a conte com riquezas de detalhes sobre o cenário, os primeiros personagens que aparecem e o modo de pensar do protagonista, é como se você fosse conhecendo uma nova pessoa bem intrigante. Sem contar que temos uma narrativa dentro de outra narrativa; acho isso show de bola.
2 | CHARLES MARLOW: O PROTAGONISTA
Como foi dito acima, o personagem principal é bem intrigante, na sua história, não sabemos o que é real, ou numa gíria bem atual, o que são as vozes da sua cabeça atuando, mas conforme ele conta a sua história aos seus colegas de tripulação, é difícil parar de ler.
3 | MESMO SENDO FICÇÃO, UM POUCO DE HISTÓRIA
Mesmo que de maneira breve, já que não se trata de um livro longo, existe uma criticidade na narrativa em relação a exploração do território do Congo, e alguns aspectos da colonização belga no espaço africano. Inclusive é possível notar como os povos africanos foram dominados através da violência e a imposição cultural dos europeus.
4 | MENÇÃO DE FIGURAS HISTÓRICAS
Não que isso seja algo fenomenal, mas se você gosta de História e gosta de estudar essa matéria aos olhos de figuras importantes da história de determinadas civilizações, em o Coração das Trevas tem a menção do segundo rei dos belgas, príncipe da Bélgica, duque de Saxe, duque de Saxe-Coburgo e Gotha, duque de Brabante e soberano do Estado Livre do Congo. Foi um dos responsáveis em saquear as riquezas do Congo.
2 | REFLEXÕES
Ler Coração das Trevas é refletir as relações da natureza humana. Demonstra a falta de humanidade, a barbárie, o falso discurso moralista por parte dos povos colonizadores para justificar os seus objetivos: “viemos civilizar os povos”, mas por trás dessa narrativa o que não faltou foi ganância, e a sede de poder em relação ao desejo de dominar as nações colonizadas.
Por fim, clássico é clássico, e se ele foi denominado assim, é por um bom motivo, né? Então bora ler.
Exemplar cedido pela editora
Título: Coração das Trevas
Autora: Joseph Conrad
Tradução: Paulo Raviere
Editora: Darkside Books
Ano: 2021
Páginas: 176
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Sinopse: Em meados da década de 1870, o rei Leopoldo XX da Bélgica passou a promover supostas expedições humanitárias e científicas para “civilizar os selvagens” que habitavam o Congo. No entanto, o monarca apenas explorava o país: escavava o ouro, abatia elefantes em busca do marfim, promovia caçadas esportivas e devastava a floresta nativa. A riqueza produzida seguia diretamente para os cofres pessoais do rei. Além disso, essa exploração era realizada por meio de crueldades com os habitantes nativos, que morriam de fome, de doenças e por excesso de trabalho, ou sofriam torturas, estupros e massacres perpetrados pelos europeus. No ano de 1890, quase no fim de sua carreira marítima, o polonês Joseph Conrad desceu o rio Congo como capitão de uma embarcação a vapor. A experiência viria a marcá-lo pelo resto da vida. Ao chegar no Congo, Conrad encontrou apenas o horror em suas diversas facetas, o horror praticado pelos agentes da civilização, o horror absoluto. Ele rompeu o contrato de três anos e retornou à Inglaterra depois de apenas seis meses. Anos depois, baseando-se na experiência, escreveu o romance Coração das Trevas, em que o capitão Marlow relata sua viagem pelo grande rio africano para o resgate de um gerente de posto de comércio chamado Kurtz. Mais que simplesmente um relato de viagem, Coração das Trevas é também “uma obra metafórica, simbólica, que durante todo o século gerou interpretações psicanalíticas, políticas, filosóficas, de estudos de gênero, culturais, pós-coloniais”, como afirma o tradutor Paulo Raviere na introdução do volume. Seu estilo vivaz, exuberante e revolucionário o transformou em um clássico moderno, um dos livros mais importantes do século XX. Além disso, Coração das Trevas foi também uma das primeiras denúncias do genocídio belga. Não por acaso, décadas depois o diretor Francis Ford Coppola se inspiraria nele para narrar as tragédias da Guerra do Vietnã (1955–1975), no filme Apocalypse Now (1979). A edição especial da DarkSide® Books é enriquecida pelas belas ilustrações de Braziliano Braza, e conta ainda com os Diários do Congo, nos quais Conrad se baseou para a escrita do romance, um ensaio de Virginia Woolf sobre o autor, e um posfácio do pesquisador Carlos da Silva Jr., no qual ele discorre sobre os resquícios coloniais que persistem ainda hoje. “Na África, na Europa ou nas Américas, a disputa pela memória continua viva, vibrante, e a nova edição de Coração das Trevas nos ajuda a lembrar desse episódio sangrento e cruel na história da humanidade”, afirma o pesquisador. Depois dos contos de Edgar Allan Poe e de H.P. Lovecraft, dos romances Frankenstein , Drácula, O Médico e o Monstro , e da antologia Medo Imortal a DarkSide® Books dá sequência à publicação de grandes obras da literatura na coleção Medo Clássico com o contundente romance de Joseph Conrad e seu mergulho no Coração das Trevas. Como todo clássico digno desse nome, Coração das Trevas é um daqueles livros que sempre projetam luzes sobre as sombras incessantes que nos espreitam.
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