Family Tree vol. 1 – Nascimento, Jeff Lemire

Preparados para embarcar em mais uma história fantástica de Jeff Lemire? Dessa vez temos mais um elemento bastante utilizado pelo autor, o apocalipse, entretanto aplicado de forma bastante excêntrica. Nada de zumbis, vírus epidêmico, supervulcões ou asteroides. Mas o quê então?

Começamos a acompanhar a história através do ponto de vista de Loretta, ao que parece, narrando o início do fim do mundo em algum lugar do futuro. Tudo começou em um dia qualquer, de rotina, trabalho e problemas de família, quando Meg, a filha mais nova de Loretta, reclamou sobre uma coceira no braço. Durante o dia, a irritação evolui e algo muito estranho acontece.

O braço de Meg fica com uma aparência áspera e retorcida, como se galhos e raízes estivessem despontando dele. Mas não é só isso, o que quer que esteja acontecendo com a garota, também evolui para as costas, e um galho começa a despontar de lá, com folhas e tudo. Um senso de urgência toma conta de Loretta, que corre para levar Meg até o hospital em busca de socorro. Mas antes disso, a família é interceptada por uma gangue no qual fica claro que o alvo é Meg, mas sabemos que eles estavam rondando Loretta desde o início da história. 

É nessa confusão que finalmente surge Judd, avô de Meg e Josh. Apesar de salvar a família, fica claro que o velho não está nas graças de Loretta, mas ela acaba aceitando sua ajuda com muita relutância. A chegada de Judd oferece algumas respostas, mas mais dúvidas surgem a partir delas.

Family Tree é mais uma história intrigante de Jeff Lemire, que chega para nos envolver através das breves páginas do primeiro volume. E por falar nisso, o quadrinho exibe os primeiros quatro fascículos dessa história, o que é muito pouco para uma trama que parece tão intrigante. Assim que finalizei, imediatamente iniciei uma releitura para tentar compreender a história que tinha em mãos. É claro que isso só irá acontecer através dos próximos quadrinhos que dão continuidade a ela, mas pude captar alguns detalhes que podem ser importantes e aumentar as minhas teorias. 

O ponto forte do autor é trabalhar o relacionamento dos personagens, principalmente quando há uma família em jogo. Há muito que não entendemos entre Loretta e Judd, ainda mais quando adicionamos o pai das crianças na equação. No entanto, o drama se mostra tão intrigante quanto a situação do mundo ao redor. 

As ilustrações do quadrinho são de Phil Hester, Eric Capstur e Ryan Cody. Achei os traços tão confusos quanto a história, então precisei me concentrar bastante para compreender tudo o que estava acontecendo. Se isso foi proposital ou não, não sei. As cores também estão em harmonia com a trama, porque força uma impressão sombria, a tensão pré-apocalíptica quando as coisas estão prestes a mudar – ou a piorar. 

Uma coisa é certa, de um lado temos a força da natureza, tão forte e presente dentro das pessoas a ponto de apossar-se delas. Já a gangue que tenta sequestrar Meg e seu intuito ainda é um mistério. É difícil presumir ou compreender as motivações em um primeiro volume, ainda mais em uma história de Jeff Lemire. A única opção é se contentar com as teorias e aguardar os próximos capítulos.

Exemplar cedido em parceria com a editora.

Título: Family Tree. 1 – Nascimento
Autor: Jeff Lemire
Ilustração: Phil Hester, Eric Gapstur e Ryan Cody
Tradução: Fernando Scheibe
Editora: Intrínseca
Ano: 2021
Páginas: 96
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Não espere por meteoros, pragas ou guerras. No universo imaginado pelos aclamados quadrinistas Jeff Lemire e Phil Hester, o fim do mundo tem início num dia qualquer, numa cidade qualquer, quando uma menina de oito anos começa a se transformar numa… árvore.
Para salvá-la antes que seja tarde demais, sua mãe, seu irmão e seu excêntrico avô embarcam numa jornada bizarra e perigosa em busca da cura e de respostas, deparando-se com diversas ameaças pelo caminho, como mercenários assassinos e adeptos de cultos fanáticos, todos dispostos a destruir a menina ou usarem-na para benefício próprio. A cada passo longe de casa, mais a menina-árvore se vê perto de completar essa terrível transformação, correndo o risco de perder para sempre sua humanidade. Ou talvez tornar-se o que nasceu para ser.
Sombrio e impactante, este primeiro volume de Family Tree reúne os quatros fascículos iniciais da série, uma visão única do subgênero conhecido como body horror, ou horror corporal. Mistério, ação e terror se combinam nessa distopia sobrenatural sobre laços familiares indestrutíveis e a força apocalíptica da natureza.