Resenha | As Cavernas de Aço, Isaac Asimov

Apesar de criar apenas histórias de sci-fi, Isaac Asimov foi um escritor versátil, que escreveu inúmeras séries, contos e romances. As Cavernas de Aço é o primeiro livro da série Robôs, que mescla elementos de ficção científica com romance policial. É uma das histórias mais populares e bem faladas dele, mas que deixou um pouco a desejar para mim.

A população da Terra cresceu de modo desenfreado. Os humanos começaram a colonizar o espaço, tanto é que praticamente uma nova raça surgiu a partir deles. Os Mundos Siderais se tornaram algo à parte, que não se sujeita mais aos seus colonizadores. Nesse meio tempo, os terráqueos também foram responsáveis de criar os robôs com a finalidade de substituir a mão de obra dos campos.

Entretanto, os robôs também começaram a ser usados para outros tipos de serviços, substituindo cada vez mais os humanos. Com isso, uma espécie de preconceito começou a surgir por parte dos humanos com relação aos robôs. Já os siderais, além de se apropriarem da criação terráquea, foram capazes de não só criarem robôs humanoides, de aparência humana, mas também de dividir o espaço e conviver de forma saudável com eles.

Com a superlotação das pessoas nas Cidades, a solução foi a criação das chamadas cavernas de aço, prédios de infinitos andares. Dependendo do seu andar, ou seja, também da sua posição social, não é possível nem mesmo ter um vislumbre do céu. É comum se deparar com uma paisagem agitada, turbulenta e cercada de metal. 

Neste cenário o embaixador dos Mundos Siderais é encontrado morto em sua casa sitiada em Nova York. Elijah Baley é designado para desvendar o crime, mas para isso precisará lidar com um parceiro chamado R. Daneel, que não é só um Sideral, mas também um robô. Para Elijah, o desafio será ainda maior por ter que conviver com o alvo de seu preconceito.

O ponto forte de Isaac Asimov são as ideias mirabolantes, tramas complexas e seu característico humor. Enquanto alguns desses elementos deixam a desejar, o que surpreende é o bom desenvolvimento do personagem principal. Ver Elijah lidar com seus conflitos internos e batalhar contra sua intolerância por parte dos robôs é o maior ponto positivo da história.

Confesso que após descobrir algumas polêmicas sobre o autor, meu olhar com relação a ele além de estar um tanto mais aguçado, também procura alguma forma de redenção nas suas histórias. E não foi o que eu encontrei aqui. As personagens mulheres, sem nenhuma surpresa, são praticamente inexistentes. A esposa de Elijah, apesar de ganhar alguns momentos de destaque, é desenvolvida de forma rasa e estereotipada, quando seu plot poderia muito bem surpreender e contribuir com a trama.

Algo que também me frustrou foi a resolução do crime. O assassino se mostrou o meu primeiro palpite, então confesso que senti falta da sagacidade do autor, que sempre me surpreendeu nas suas outras histórias. Apesar disso, Asimov conseguiu juntar todas as peças da trama de forma minuciosa.

Entre erros e acertos, senti que As Cavernas de Aço ficou me devendo algo, que pretendo continuar procurando nos demais livros da série. O cenário distópico e claustrofóbico foi outro ponto positivo da história, porque ele foi muito bem construído, ao ponto de me deixar extremamente desconfortável. Espero que as futuras tramas dentro desse universo façam jus a ele e entregue o melhor do autor.

Exemplar cedido em parceria com a editora.


As Cavernas de Aço

Título: As Cavernas de Aço (Robôs #1)
Autor: Isaac Asimov
Tradução: Aline Storto Pereira
Editora: Aleph
Ano: 2019
Páginas: 304
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Sinopse: Tendo “As Cavernas de Aço” como primeiro volume, a Saga dos Robôs é um dos trabalhos mais notáveis a falar sobre a relação entre o homem e a máquina. Inclusive, dela surgiram as icônicas 3 Leis da Robótica, que tratam de forma ficcional sobre a nossa convivência com os robôs, e ainda hoje é referenciada em diferentes obras da cultura pop.
A Saga dos Robôs, publicada pela Aleph, já vendeu mais de 30 mil exemplares. A população da Terra cresceu de modo desenfreado. Os Mundos Siderais, antigas colônias terráqueas, há muito deixaram de se sujeitar à autoridade de seus colonizadores. Para agravar a situação, os robôs parecem estar substituindo grande parte da mão de obra humana, condenando os cidadãos da Terra a uma vida que mal lhes garante a subsistência. Em meio a esse cenário, o embaixador dos Mundos Siderais é encontrado morto em sua residência na cidade de Nova York. O investigador de polícia Elijah Baley é escalado para investigar o crime, e para cooperar com o inquérito, os Siderais enviam um parceiro inusitado: seu nome é R. Daneel Olivaw, e ele é um robô. Indicado ao prêmio Hugo de melhor romance, o sexagenário As Cavernas de Aço é também uma das principais obras do autor, ao lado de “Fundação” e “Eu, Robô”.

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