Resenha | DVD: Devoção Verdadeira a D, César Bravo

Estamos de volta a cidade de Três Rios, um lugar que fica no interior do estado de São Paulo, um lugar podre, de origens sombrias, e que é capaz de mostrar que as pessoas são piores do que qualquer criatura das trevas. Tem quem diga que quem nasce em Três Rios não é “trêsrioense” mas sim um monstro, na sua pior forma possível.

No livro anterior, em VHS, os contos se passavam no auge dos anos dourados das locadoras de filmes, e além de filmes famosos, a FireStar alugava para seus clientes um material estranho, com pessoas comuns fazendo o que a humanidade é capaz de fazer de pior.

Mas o tempo passou, as fitas VHS foram se tornando ultrapassadas, e com início de um novo milênio, elas acabaram dando lugar aos DVDs, que além de modernos, geravam uma certa praticidade ao consumidor. Mas na má e velha Três Rios, por mais que seja preciso acompanhar as novas tecnologias, alguns costumes não ficam de lado, e assim, o autor César Bravo nos delicia com 21 ótimos contos que são capazes de ao mesmo tempo, traumatizar, enojar (no bom sentido da palavra, se é que existe um bom sentido), e deixar o leitor tão fissurado a ponto de começar a ler e não querer mais parar.

Alguns contos tem ligação uns com os outros, já outros estão ali com um propósito, e já deixo dito que gostei de todos, não achei nenhum ruim, mas se eu pudesse citar apenas um como o meu favorito, seria O Filho da Terra, que nos mostra um imigrante italiano chamado Ítalo, que veio parar no interior de São Paulo para trabalhar duro, e tentar ao máximo possível dar uma vida boa a sua família. Ao mesmo tempo que conta a história desse homem, o autor mostra o preconceito da época para um grupo de pessoas que chamamos popularmente de ciganos, e também, a aparição de um homem sem nome, mas a partir do momento que ele faz uma proposta para Ítalo, ele começa a prosperar, e com isso, a cidade de Três Rios prospera da mesma maneira.

E pra finalizar, deixo dito o seguinte: se eu fosse escolher um autor para ser representante do novo ar que a nossa literatura está tomando, sem sombra de dúvidas eu escolheria César Bravo.

Exemplar cedido em parceria com a editora.

DVD: Devoção Verdadeira A D.

Título: DVD: Devoção Verdadeira a D.
Autor: 
César Bravo
Ano: 2020
Editora: Darkside Books
Páginas: 384
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Sinopse: Histórias de sangue sempre voltam para nos assombrar. Seremos devotos de D., confiando em sua palavra para visitar a cidade maldita mais uma vez? O mestre brasileiro do terror, Cesar Bravo, expande o próprio tempo e mostra que as raízes infernais de Três Rios são bem mais antigas e profundas do que poderíamos imaginar. Em DVD: Devoção Verdadeira a D., tudo está ultra conectado, com verdades e personagens que vão muito além da carne.Quem ficou sem dormir por conta das visões perturbadoras de VHS: Verdadeiras Histórias de Sangue precisa se preparar. Bravo nos apresenta histórias ainda mais sangrentas, contos que se retroalimentam e se fundem, filhotes cruéis que nasceram no coração da terra faminta de Três Rios. O silêncio pandêmico ecoa diante de personagens tão reais quanto assustadores, e novos registros aterrorizantes se unem a outras obras da carreira do autor.VHS conquistou uma legião de fãs pelo Brasil — “Cesar Bravo é aquela música porrada que não sai da cabeça”, declarou João Gordo. O seu sucesso avassalador também chegou nas mãos de grandes nomes da literatura dark no mundo. “O VHS de Cesar Bravo é uma cápsula do tempo aterrorizante. Uma viagem pelos nossos mais profundos pesadelos até o horror clássico em toda a sua glória e potência”, nas palavras de Andrew Pyper, autor dos best-sellers O Demonologista e Os Condenados. “Cesar Bravo tem uma das mentes mais sombrias que já conheci para criar histórias”, frisa o autor de Antologia Macabra, Hans-Åke Lilja.
Em sua terceira obra publicada pela DarkSide® Books, a escrita de Cesar Bravo vem ainda mais afiada, contundente e transgressora. A voz singular e muito brasileira do escritor começou sussurrando suas pragas, mas agora grita para que o terror nacional nunca mais volte a dormir. Chegou a hora de apreciar a ferida aberta, a beleza do horror, uma ode à eterna dor de existir.

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