Alice no País das Maravilhas – Luz, Câmera e Discussão
A HISTÓRIA
Em uma tardezinha tranquila e de tédio, Alice cochila ao pé de uma árvore quando se depara com um coelho muito excêntrico. Não são suas vestes que chamam a atenção dela, mas sim a maneira apressada com que o bichinho corre, verificando um relógio de bolso de tempos em tempos. Intrigada, a menina decide segui-lo para além de uma toca. Ao entrar, ela acaba caindo, caindo e caindo por muito tempo.
Quem é que nunca ouviu falar na popular história de Alice no País das Maravilhas? Eu mesma, antes de ler o livro já conhecia a história de cor, por causa de suas adaptações e peças da escola. A história surgiu sobre as águas do rio Tâmisa, quando Carroll fazia um passeio de barco com Alice e suas irmãs e as entretinha. A garotinha de nome homônimo a quem Carroll se inspirou gostou tanto da história que pediu a ele para escrevê-la. O autor relutou a princípio, mas não resistiu e a escreveu mais tarde.
Há um tipo de humor que nos espanta e intriga ao mesmo tempo. Denominado como nonsense, pouca coisa faz sentido nessa história, mas é isso o que a torna tão interessante. A encabulação instiga e você quer saber para onde essa trama maluca e cheia de personagens peculiares vai te levar. Além, claro, de se divertir muito no meio do caminho.
“Existe alguma coisa sobre a história que realmente toca nossa imaginação, nossos sonhos. Se Lewis Carroll tivesse escrito essa história hoje, ainda assim ela seria incrível. Seria algo que ainda nos deixaria boquiaberto, e também seria difícil de explicar”. – Tim Burton
AS POLÊMICAS
Tímido, reservado e introvertido, Charles Dodgson escreveu sob o pseudônimo de Lewis Carroll por medo da repercussão. Entretanto, as polêmicas que envolvem o autor diz respeito a sua predileção por andar na companhia de crianças muito pequenas, em especial meninas.
Desde muito jovem, Carroll vivia rodeado por crianças. Ele as levava para passear, contava histórias e também as fotografava. A fotografia também era um dos grandes hobbies do matemático, dedicando-se a ela quando mal havia surgido. Ele se especializou em retratos de pessoas famosas e crianças. Para complementar, Carroll foi o autor de inúmeras fotos de crianças seminuas, mas todas com a autorização dos pais.
Sob nossa atual perspectiva, esse é um comportamento muito problemático. Há quem o defenda, dizendo que ele era inocente e ingênuo, por isso preferia a companha das crianças. Mas há também quem julga sua postura íntima elas fora do comum, ou em outras palavras, como a de um pedófilo. Não sabemos e talvez nunca saberemos o que de fato ele era, nem suas verdadeiras intenções com as crianças. Como temos o benefício (ou não) dá dúvida, cabe a cada um interpretar suas atitudes da forma que desejar.
AS ADAPTAÇÕES
Alice possui inúmeras adaptações. Animações, filmes, séries, musicais e teatros, é possível encontrar a história em diversas plataformas. No entanto, temos duas adaptações cinematográficas que mais fizeram sucesso. A animação de 1951 e o filme dirigido por Tim Burton em 2013, ambas da Disney.
A animação se tornou um clássico com o tempo e também ganhou o Oscar de melhor trilha sonora na época. As canções foram introduzidas na trama, deixando a jornada de Alice ainda mais divertida para as crianças. Já no filme de 2013, Alice tem 19 anos e retorna novamente ao País das Maravilhas. Apesar de não lembrar de quase nada, frequentemente ela tinha sonhos bizarros com a terra mágica. O live action conta com o visual fascinante e ao mesmo tempo sombrio de Tim Burton.
AS NOVAS EDIÇÕES
Cada uma das novas edições de Alice no País das Maravilhas publicadas pela editora DarkSide Books em 2019 tem suas particularidades. Na Classic Edition, contamos com uma bela e transparente introdução da tradutora Marcia Heloisa, no qual nos apresenta a real Alice e expõe as polêmicas que envolvem o autor com muita sinceridade. A edição conta com as ilustrações clássicas produzidas por John Tenniel, os originais de Carroll, poemas inéditos do autor e um extra que se aprofunda nos retratos produzidos por ele, inclusive com algumas de suas fotografias.
A Limited Edition possui o mesmo conteúdo, no entanto as ilustrações são da artista brasileira Mika Takahashi. A edição ganhou um toque especial e exclusivo. As duas primeiras edições fazem parte do novo selo da editora, Fábulas Dark.
Já a Baby Edition do selo caveirinha é dedicada especialmente para as crianças. Além das ilustrações estarem em preto e branco para colorir, o autor também escreveu essa edição especialmente para elas, interagindo com as crianças no decorrer da história.
A EXPERIÊNCIA
Por já saber da história de cor, eu não esperava que a leitura me surpreendesse tanto. Em poucas páginas, eu me vi bastante imersa dentro de uma história peculiar e etéria, que intriga a cada página. Acompanhar a trama recheada de loucura sob o olhar lúcido de Alice é o que torna tudo tão singular, como se estivéssemos vivenciando um sonho. Afinal, quem nunca se viu como espectador diante de um sonho sem pé e nem cabeça?
Foi como voltar a ser criança, porque senti uma imensa nostalgia, ao mesmo tempo que também me deparei com algumas surpresas que só quem é leitor tem. Esse é o tipo de leitura que promete agradar todas as idades.
Que tal compartilharmos experiências? Qual a sua história com Alice no país das maravilhas? Já leu o livro? Beijos <3
Deixe uma resposta