A Ilha Perdida Gullstruck, mais um favorito da Frances Hardinge!
Sim, Frances Hardinge fez de novo! Ela colocou mais um livro entre os meus favoritos. Então cabe a mim espalhar mais uma vez a palavra dessa autora. Vamos lá?
A ilha Gullstruck é permeada por vulcões adormecidos e pessoas que respeitam suas grandiosidades, tanto que criaram todo um mito e diversas histórias sobre eles, colocando-os no centro delas. Isto é, as pessoas respeitavam, antes da chegada dos Cavalcaste, que escolheram a ilha não apenas para aplicar suas próprias leis, mas também como cemitério dos seus ancestrais.
Os rendeiros, povo originário da ilha, ficaram muito preocupados com essa chegada e o desrespeito dessas pessoas com seus lordes vulcões. Decidiram então sequestrar alguns Cavalcastes e oferecê-los como oferenda para os vulcões, como pedido de desculpas. Imaginem só o tamanho da confusão?
Os novos colonizadores tomaram o espaço da ilha Gullstruck para si, e por conta do imenso mal entendido, relegaram os rendeiros à escória. Logo após muito tempo de isso ter acontecido, as pessoas ainda temem e desconfiam dos rendeiros, sempre preferindo não ficar por perto.
Neste mundo, existem também os Perdidos. Pessoas que têm a capacidade de distanciar as suas mentes do corpo, fazê-las viajar para outros lugares, enquantos seus corpos estão parados. O nome “perdido” dá-se a dificuldade que eles encontram em voltaram para seu corpo físico, ou de continuarem com essa conexão. São pessoas com bastante prestígio e local privilegiado na sociedade, seja por sua ajuda na segurança ou até mesmo pelo medo, porque um perdido poderia estar em qualquer lugar sem que ninguém soubesse.
Pela primeira vez, nasceu uma perdida entre os rendeiros, e graças a isso, a situação dos Feras Falsas promete mudar. Mas para ela realmente ser nomeada como tal, ela precisa passar por alguns testes. Mas cá entre nós, será que Arilou realmente é uma perdida? Ou será que ela possui algum tipo de retardamento mental, e não a dificuldade de voltar para a casca? Nem mesmo Hathin, sua irmãzinha mais nova, responsável por cuidar dela e guiá-la, sabe essa resposta. O jeito será burlar os testes e tentar engambelar o inspetor Skein, mas os rendeiros estão acostumados com coisas desse tipo.
Que livro, hein gente? Ele é um pouco truncado no começo, porque há muito para entender e assimilar. A cultura criada pela autora é tão incrível, tão autêntica. Me diverti muito conhecendo os rendeiros e suas peculiaridades, tanto na forma com que se apresentam quanto na sua maneira de se comunicar, de viver. E também como eles procuraram se adaptar ao diferente e rígido estilo de vida dos colonizadores, o que afetou e muito na sua cultura.
Algo que eu gostei muito mais do que em Crônicas das Sombras, é que apesar de em certos momentos, a jornada de Hathin parecer solitária, aqui ela encontra pessoas dispostas a ajudar. Pessoas que se identificam com ela e que também possuem jornadas em comum. E isso é tão bom! Dá tanto alívio, e em certos momentos quentinho no coração.
A história apresenta algumas reviravoltas muito boas, que não fui capaz de prever. Os personagens também são muito consistentes, a Jimboly em especial, como eu odiei essa personagem! Mas não posso negar o quanto foi interessante ver sua construção.
Fora toda a crítica presente na história, todo o desrespeito e apagamento proposto pelos Cavalcaste, que simplesmente decidiram colonizar uma ilha que já era habitada e impor suas próprias leis. O preconceito vivido pelos rendeiros é muito dolorido de acompanhar, porque tem muito do que já vivemos na realidade.
O final é agridoce, mas não poderia ser de outra forma, não é? Então só digo para prepararem o coração, essa é uma história dolorida sim, mas tão incrível, tão incrível, que eu recomendo demais pra vocês.
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