Resenha | O Portão do Obelisco, N. K. Jemisin
Enquanto a Quinta Estação é uma confusão de acontecimentos e reviravoltas, O Portão do Obelisco chega para acalmar e cadenciar todas essas informações. Não é porque o livro é um pouco mais lento que ele é inferior, pelo contrário. Aqui as coisas ganham sentido e começam a tomar uma direção.
POSSUI SPOILERS DE A QUINTA ESTAÇÃO
Eu sempre tenho a impressão de que N. K. Jemisin escreve seus livros de trás para frente. É incrível a noção da autora de fazer os acontecimentos fazerem tanto sentido. Algo que no primeiro livro parecia irrelevante obtém grande importância neste volume (olá, fãs de sanderson). Apesar de novas perguntas surgirem a cada instante, nós também somos gratificados com várias respostas.
O grande destaque de O Portão do Obelisco é um novo ponto de vista, o de Nassun. Enquanto não sabíamos praticamente nada sobre o seu paradeiro, nem ao menos se ela estava viva, a sua perspectiva nos apresenta a sua trajetória até mesmo antes da trágica descoberta de seu pai. Saber sobre seus passos não diminui a angústia que sentimos por Essun não saber nada do que está acontecendo com ela, mas nos mostra que ela possui bastante relevância para história, talvez tanto quanto sua mãe.
Por mais inocente e inexperiente que Nassun seja, há uma sagacidade natural na garotinha. Existiram situações conturbadas entre mãe e filha, mas mesmo assim ela foi capaz de compreender e aprender com elas. A maturidade de Nassun surpreende, principalmente sua capacidade de perceber as situações e saber a melhor maneira de agir em prol da sobrevivência. Existem muitos paralelos interessantes entre Essun e Nassun, que vão além do fato de serem mãe e filha, o que torna o encontro entre elas ainda mais esperado.
“Não há necessidade de imaginar o planeta como uma força malévola procurando vingança. É uma rocha. É apenas o moco como a vida deve ser: terrível e breve e acabando em (se você tiver sorte) esquecimento”.
Por outro lado, vivenciamos como o mundo está se comportando após a criação da fenda e o início da quinta estação. Por mais que a sociedade se prepare para ela, há muitos fatores inesperados, que acabam condenando as pessoas a atitudes desesperadas e primitivas. Manter a sanidade e o foco diante dessas situações se mostra muito difícil.
A maior descoberta está ligada à questão da fenda, do porquê ela foi criada. Foi algo que me surpreendeu por diversos motivos, um deles em especial, me agradou bastante. Deu um sentido para a história e a interligou como uma possível distopia, algo que não só eu, mas diversos leitores já desconfiavam. No entanto, o mais legal é a forma com que essa informação é exibida, o que explica também os problemas que envolvem a Quietude.
O Portão do Obelisco dá respostas à muitas questões, mas nos instiga a continuar descobrindo cada vez mais. Ele não possui tantas reviravoltas quanto o primeiro livro, mas ele é tão incrível quanto. Senti que este livro foi uma grande preparação para uma conclusão que será épica. Em contraste com o todo, o final é bastante frenético e nos deixa desesperados pelo último livro da trilogia.
Acredito que o mais interessante será reler essa trilogia e enxergar de forma mais nítida a genialidade da autora de construir uma história tão criativa e complexa. Isso sem contar a grande relevância que ela possui por conta de toda sua representatividade. Espero concluí-la o mais breve possível.
Título: O Portão do Obelisco (A Terra Partida #2)
Autora: N. K. Jemisin
Tradução: Aline Storto Pereira
Editora: Morro Branco
Ano: 2018
Páginas: 512
Skoob | Goodreads | Amazon
Sinopse: O fim se torna mais escuro enquanto a civilização desvanece na noite longa e fria. Alabaster Tenring – louco, destruidor, salvador – voltou com uma missão: treinar sua sucessora, Essun, e com isso selar o destino da Quietude para sempre.
Deixe uma resposta