Resenha | A Grande Caçada, Robert Jordan

Em um segundo volume mais encorpado e imprevisível que o primeiro, Robert Jordan expande seu universo, adiciona novas informações e traz mais profundidade a cada um dos seus personagens, especialmente Rand.

Contém spoiler do primeiro volume.
Resenha – O Olho do Mundo

Começamos a história em Fal Dara, onde se encontram a Aes Sedai Moiraine e seu guardião Lan, Rand e seus amigos de Dois Rios. Se no primeiro volume, o grupo passou a maior parte do tempo junto, no segundo eles logo são separados em função dos objetivos de cada um. Para além, logo no início, a trama acrescenta todo um viés político que possivelmente será muito importante no decorrer da saga e mostra como Jordan constrói muito bem o mundo de A Roda do Tempo, acrescentando informações de forma que o leitor não fique sobrecarregado.

Embora o arco principal do segundo volume em si esteja concentrado na caça à Trombeta de Valere, existe toda uma história mais ampla por trás que conduz o desenvolvimento e amadurecimento dos personagens, o que acredito que tenha sido um dos pontos principais de A Grande Caçada.

Com o grupo dividido, Jordan começa a posicionar os personagens de uma maneira que possamos compreender melhor cada um deles, embora o grande destaque do livro fique de fato com Rand, que está em busca da trombeta junto com Mat, Perrin, Loial e um grupo de soldados shienaranos. Enquanto isso, Egwene e Nynaeve partem para Tar Valon a fim de serem treinadas como Aes Sedai.

Antigos inimigos persistem e novos surgem. Há um rastro de destruição por onde quer que o grupo de homens passem em busca do artefato mágico. Toda essa destruição cria um paralelo inconsciente com a escuridão interior de Rand, que teme a mácula de saidin – a metade masculina da Fonte Verdadeira-, a loucura e a morte. O personagem ganha muita profundidade aqui, e é intenso acompanhar toda a sua luta interna e seus questionamentos. Até onde vão suas escolhas e até onde ele é controlado pelo destino. Se ele será capaz de controlar todo o poder ou se o poder o controlará. Aos poucos, Rand cresce e deixa de ser o garoto despreocupado de Dois Rios, e essa transformação é lenta e dolorosa. Mat e Perrin parecem ter sido deixados um pouco de lado em alguns momentos em detrimento de Rand, mas ganham uma importância fundamental ao fim da história.

Enquanto isso, Egwene e Nynaeve treinam na Torre Branca, e as duas mostram um potencial incrível, especialmente Nynaeve. Desse lado da história, aliás, Nynaeve amadurece e cresce como personagem. Também temos adições de outras personagens femininas, que já apareceram no primeiro volume, mas não tiveram tanta importância lá como têm aqui. Min e Elayne são companheiras de jornada interessantes, mas ainda não mostraram de fato a que vieram. Nesse arco, Jordan também explora mais sobre a Aes Sedai e suas subdivisões, e sentimos que, mesmo com as novas informações, ainda temos muito a aprender sobre essas mulheres de poderes misteriosos. Como dito anteriormente, o autor parece ser cuidadoso ao crescer sua história. Novos perigos surgem aqui, como a Ajah Negra, que coloca o quarteto de garotas/mulheres em grandes dificuldades, levando-as a Seanchan, onde elas também encaram forças perigosas. Egwene passa por uma situação que provavelmente trará profundas cicatrizes para a personagem, e Nynaeve e Min mostram força e maturidade para lidarem com as situações.

Quando tudo em fim se encaixa e os personagens se reconectam, A Grande Caçada entrega um final arrebatador que faz valer algumas páginas um tanto monótonas do livro. Novamente, cada personagem ganha sua devida importância e logo depois são reposicionados em direção a suas respectivas jornadas e papéis a cumprir no próximo volume. O livro definitivamente termina de uma forma que fica impossível não querer mais.


A Grande Caçada

Título: A Grande Caçada (A Roda do Tempo #2)
Autor: Robert Jordan
Tradução: Fábio Fernandes e Julia Henriques
Editora: Intrínseca
Ano: 2014
Páginas: 704
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Sinopse: No segundo volume da série A Roda do Tempo, Rand, Mat e Perrin partem ao resgate da Trombeta de Valere. Segundo lendas, o artefato tem o poder de reviver heróis temporariamente, e eles podem ser de grande ajuda no combate às forças do Tenebroso. No entanto, há algo que Rand teme ainda mais do que a antítese do Criador: ele sabe que está condenado à loucura e à morte e se pergunta se conseguirá ajudar seus amigos antes que isso aconteça ou se será ele próprio o responsável por destruí-los. Ao mesmo tempo, Egwene e Nynaeve treinam para fazer parte da ordem de mulheres que podem manipular o poder que gira a Roda do Tempo, conhecidas como Aes Sedai.

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