Resenha | Duna graphic novel vol. 1 – Frank Herbert
Quem está ansioso para a adaptação cinematográfica de Duna que será lançada em breve? Para acalmar um pouquinho nossa ansiedade, uma das maiores histórias de ficção científica também foi adaptada para os quadrinhos, em uma edição muito caprichada <3
No início da graphic novel temos um prefácio muito importante, explicando a decisão de tentar manter a maior fidelidade possível à obra original de Frank Herbert, publicada em 1695. Isso se mostrou um desafio, é claro, porque são mídias diferentes, e toda adaptação sofre algum tipo de perda. No entanto, nas palavras dos próprios criadores, Brian Herbert e Kevin J. Anderson, “uma imagem vale mais do que mil palavras”, por eles tentaram explorar ao máximo as ilustrações, afinal Duna propõe uma experiência extremamente visual.
Ah, também é importante frisar que, como o próprio livro é dividido em “três partes”, a decisão foi de lançar a história em três volumes definitivos. Então sem mais delongas, apertem os cintos, nossa próxima parada será em Arrakis, também conhecido como planeta Duna.
A Casa Atreides, governada pelo duque Leto, se prepara para deixar Caladan e migrar para Arrakis, um planeta desértico e com difíceis condições climáticas. Entretanto, o planeta exporta uma especiaria rara e preciosa para o império. Além disso, a antiga casa dos Harkonnen – inimigos declarados dos Atreides – possui diversas armadilhas para os novos moradores. Uma das únicas formas de sobreviver a tudo isso será se aliando ao povo nativo de lá, os fremen.
A história é focada em Paul, filho do duque leto. Desde criança, ele precisa se dividir entre diversos treinamentos e obrigações para suceder seu pai. Contudo, mesmo com a mudança, sua vida começa a se transformar de verdade após a visita de uma Reverenda Madre das bene gesserit, uma sociedade no qual sua mãe faz parte. Paul percebe que ele terá um papel muito importante a desempenhar, porque sua vida foi prevista e arquitetada durante séculos.
Eu queria ressaltar que estou muito ansiosa com a adaptação do filme, e desde o anuncio, minha vontade foi revisitar essa história imediatamente. Entre as obrigações, não consegui encaixar a releitura do livro, então a chegada do quadrinho em minhas mãos foi muito bem-vinda. Foi uma oportunidade de rever a história com mais rapidez e de forma inédita ao mesmo tempo. Já de antemão, adianto que sou um pouco suspeita para falar desta história.
E como eu estava com saudades de Duna! Revisitar essa história foi um misto de emoções entre a nostalgia e a empolgação de poder presenciá-la de novo. Novamente me vi fascinada por cada construção dela, o vislumbre de um povo tão engenhoso, que não depende da tecnologia propriamente dita como vemos na maioria das histórias de sci-fi, porque a mente humana está muito além dela.
É incrível que, mesmo estando diante de uma história tradicional que apresenta a trajetória de um herói – não qualquer história, mas uma das quais deu origem a tantas outras – ela não perde o seu brilho. Frank Herbert faz algo incrível, que me diverte muito durante a leitura. Ele sempre entrega com antecedência os planos dos personagens, desde os vilões aos mocinhos, e mesmo assim ele é capaz de surpreender nos desdobramentos da trama.
O quadrinho oferece uma explosão de cores e vivências. As ilustrações são bastante nítidas e eu amei a retratação de Duna, desde o palácio familiar até as terras desérticas. E temos até mesmo uma aparição memorável do nosso grande e querido verme da areia. Eu já disse que sou suspeita para falar dessa história?
Outro ponto positivo foi a inserção dos quadros de pensamento. Uma das minhas preocupações foi como eles ilustrariam as motivações dos personagens, que no livro, são apresentadas através dos seus pontos de vista e meditações. Cada personagem possui seu quadro de pensamento separado por cor, e isso ajudou muito na fidelização da história. A ressalva é com relação às cores de alguns quadros, amarelos ou laranjas, porque além de dificultar a leitura, a letra também está um pouco tremida (pelo menos na minha edição).
E por falar em ressalva, quando você decide adaptar com extrema fidelidade uma história criada na década de 60, você perde a oportunidade de melhorar ou corrigir os elementos problemáticos. Compreendo a decisão do projeto, mas não posso deixar de comentar a problemática que é ter apenas um personagem gordo na trama – o asqueroso vilão. Caímos no conceito da representação e estereótipo negativo no qual já estamos progredindo (a passos lentíssimos, é claro).
De fã para fã, tenho certeza que vocês vão amar revisitar essa história através dessa graphic novel. Fiquei com os olhinhos brilhando conferindo cada detalhe, e admito que ela se agregou perfeitamente àquela que eu já tinha na minha imaginação. Estou mais do que ansiosa pelo próximo volume <3
Exemplar cedido em parceria com a editora.
Título: Duna Graphic Novel Vol. 1
Autor: Frank Herbert
Adaptação: Brian Herbert e Kevin J. Anderson
Ilustração: Raúl Allén e Patricia Martín
Tradução: Ulisses Teixeira
Editora: Intrínseca
Ano: 2021
Páginas: 176
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Obra-prima da ficção científica, que ganhará aguardada adaptação para o cinema, Duna retorna em uma graphic novel exuberante e imperdível
Em 1965, um livro revolucionaria por completo a ficção científica e se tornaria um marco da literatura e da cultura pop. Com sua narrativa inovadora, unindo aventura, fantasia, religião, política, tecnologia e ecologia, Duna é uma das sagas mais bem-sucedidas da história e inspirou outros clássicos, como Star Wars, Blade Runner e Alien. Agora, essa obra-prima ganha uma versão em graphic novel fiel à exuberância e à complexidade do universo criado por Frank Herbert.
Num futuro distante, a casa Atreides, liderada pelo duque Leto, se prepara para uma jornada até o planeta desértico de Arrakis. Também conhecido como “Duna”, esse lugar cercado de mistérios e perigos é a única fonte da substância mais valiosa do cosmos. O duque precisará se aliar aos nativos, os fremen, se quiser impedir que a casa Harkonnen assuma o controle do planeta. E é lá que seu filho, Paul, conhecerá seu destino. O jovem pode ser a chave de um plano traçado há séculos e uma peça importante no jogo de poderes do império.
Adaptado com maestria por Brian Herbert, filho do autor, e por Kevin J. Anderson, este primeiro volume da série de graphic novels conta com as cores vibrantes das artes de Raúl Allén e Patricia Martín. Em 2021, a aguardada adaptação dirigida por Denis Villeneuve chega aos cinemas, com Timothée Chalamet e Zendaya no elenco.
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