Resenha | A Cidade de Bronze, S. A. Chakraborty

Admito que comprei A Cidade de Bronze pela capa, sem saber praticamente nada sobre a história. Isso é realmente raro, porque sempre procuro algumas coisas sobre o livro, seja a premissa ou mesmo opiniões antes de realizar a compra. Após finalizar a leitura, o melhor de tudo foi perceber que a história condiz com toda a beleza externa – eu me vi igualmente maravilhada pela sua trama e ambientação.

A história se inicia sob o ponto de vista de Nahri, uma vigarista pra lá de talentosa que vive no Cairo. Órfã e sem ninguém para cuidar dela, desde criança Nahri teve que aprender a se virar sozinha nas ruas populosas da grande cidade do Egito. A melhor forma de lidar com isso foi aplicando golpes nos nobres Otomanos, como leitura de mãos, curas e rituais – truques envolvendo misticismo e magia, mesmo que ela não acredite muito em nada disso. Ela insiste em ignorar a estranheza de alguns dons que possui, como distinguir e tratar doenças, e também aprender idiomas com extrema facilidade.

“Nahri não podia explicar a forma como curava ou sentia doenças mais do que podia explicar como seus olhos e ouvidos funcionavam. As habilidades faziam parte dela há tanto tempo que simplesmente parara de questionar sua existência”.

Sua convicção começa a mudar quando em meio aos seus rituais charlatões, sem querer ela convoca um guerreiro enigmático e poderoso. Apesar de não acreditar, ela conhece as histórias. Dara, o guerreiro, se enquadra perfeitamente como um lendário djinn. Porém, neste mesmo ritual, Nahri também desperta a atenção de outros seres não tão amigáveis. Sem tempo para pensar, ela precisa aceitar que a magia não só existe, mas faz parte dela. A partir disso, Nahri e Dara iniciam uma fuga frenética para despistar os seres denominados como Ifrits, e o único lugar seguro para ir é Daevabad, uma cidade escondida e mágica conhecida como A Cidade de Bronze.

Na Cidade de Bronze, parte do mundo das criaturas do fogo pelo qual Nahri desconhece, somos apresentados ao príncipe Alizayd, o filho mais novo do rei Ghassan al Qahtani. Ali é um jovem devoto, destinado a ajudar seu irmão Muntadhir a governar a cidade como chefe de segurança. Ele cresceu sendo educado para isso, e sua dedicação e abnegação com relação à família é bastante evidente.

É também a partir do ponto de vista de Ali que começamos a compreender toda a tensão crescente envolvendo as tribos de Daevabad – uma cidade marcada por intrigas, guerras por poder, traições e opressão. O próprio Alizayd se vê numa batalha constante entre fazer o que é justo e o que é necessário. Nós nos vemos em sua pele diante de situações extremamente complexas, onde não há lado certo ou errado, mas diversas motivações e interesses em conflito.

“– A grandeza leva tempo, Banu Nahida. Em geral, os mais poderosos têm os princípios mais humildes”.

Não é exagero quando afirmo que me vi maravilhada com essa leitura. Tudo aqui me cativou, começando pela escrita da autora, descritiva na medida ideal para te deixar imerso, sem ser cansativa. O mais surpreendente foi notar as diferenças entre a perspectiva de Nahri e Alizayd, o que corresponde perfeitamente com as características de cada personagem. Detalhe que este é o romance de estreia de S. A. Chakraborty.

O que enche os olhos de verdade fica por conta da ambientação. A história é inspirada na cultura do Oriente Médio, e eu amei cada elemento fantástico dessa construção. Como fã de livros de fantasia, só me faz desejar conhecer mais autores que tenham suas histórias influenciadas por essa mitologia, porque ela é rica e fascinante.

Sobre os personagens, há muitos deles. Confesso que às vezes me senti um pouco perdida, porque são muitos nomes (difíceis) para decorar e lembrar. Mas, confusão à parte, essa não é uma reclamação, porque desde que eles sejam bem construídos, exatamente como Chakraborty faz, quanto mais personagens, melhor. Nahri me divertiu com seu jeito debochado, deixando a leitura mais leve e divertida, mesmo com a quantidade de dramas que a envolvem. Já Alizayd foi me conquistando aos poucos, porque demorei para compreender suas reais motivações, temendo pelo que ele se tornaria.

Entretanto, Dara é o personagem mais intrigante e dúbio da história. Como eu desejei poder ver a situação através de sua perspectiva, para tentar entendê-lo melhor. Quando você o vê pelos olhos de Nahri, é impossível não se encantar. Mas com o tempo você também o percebe sob outros pontos de vista, e é aí que tudo se torna confuso. No decorrer da história ele acaba fazendo jus a toda a popularidade que possui, tanto a de herói quanto a de vilão.

A Cidade de Bronze oferece uma história de fantasia com um mundo recheado e muita aventura, com direito a viagens de tapetes mágicos, criaturas místicas, momentos divertidos e outros de pura tensão. As intrigas políticas te fazem quebrar a cabeça para entender tudo o que está acontecendo, logo imaginar uma solução é ainda mais difícil. Com toda a sua mitologia, ambientação e personagens extremamente cativantes, foi uma leitura que me deixou realmente impressionada, só me resta recomendá-la e muito. <3


A Cidade de Bronze

Título: A Cidade de Bronze (Daevabad #1)
Autora: S. A. Chakraborty
Tradução: Mariana Kohnert
Editora: Morro Branco
Ano: 2018
Páginas: 608
Skoob | Goodreads | Amazon

SINOPSE: Cuidado com o que você deseja…
Nahri nunca acreditou em magia. Golpista de talento inigualável, sabe que a leitura de mãos, zars e curas são apenas truques, habilidades aprendidas para entreter nobres Otomanos e sobreviver nas ruas do Cairo.
Mas quando acidentalmente convoca Dara, um poderoso guerreiro djinn, durante um de seus esquemas, precisa lidar com um mundo mágico que acreditava existir apenas em histórias: para além das areias quentes e rios repletos de criaturas de fogo e água, de ruínas de uma magnífica civilização e de montanhas onde os falcões não são o que parecem, esconde-se a lendária Cidade de Bronze, à qual Nahri está misteriosamente ligada.
Atrás de seus muros imponentes e dos seis portões das tribos djinns, fervilham ressentimentos antigos. E quando Nahri decide adentrar este mundo, sua chegada ameaça recomeçar uma antiga guerra. 
Ignorando advertências sobre pessoas traiçoeiras que a cercam, Nahri embarca em uma amizade hesitante com Alizayd, um príncipe idealista que sonha em revolucionar o regime corrupto de seu pai. Cedo demais, ela aprende que o verdadeiro poder é feroz e brutal, que nem a magia poderá protegê-la da perigosa teia de intrigas da corte e que mesmo os esquemas mais inteligentes podem ter consequências mortais.

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5 Comments

  1. Viviane Ferreira Oliveira

    Ainda bem que deu certo essa compra ne! hahaha
    De vez em quando é bom essa experiencia de comprar pela capa 🙂
    Achei super interessando essa trama e acho que gostaria sim, mas vou ser sincera, não quero começar séries agora hhehehe então vou guardar essa para um futuro

    osenhordoslivrosblog.wordpress.com

    1. Mari Barros

      Acho que todo mundo na vida já comprou livro pela capa, tenho quase certeza! Adotei sua resenha e que bom que a leitura não te decepcionou. Estou bastante curiosa para lê-lo pois só tinha visto críticas positivas ao livro.

      Beijos,
      Blog Diversamente

  2. Mirelle Almeida

    Oiiiii
    Miga, não te julgo porque também já comprei livro pela capa, kkk. E também não me decepcionei com a leitura. Eu namoro os livros da Morro Branco, acho as edições lindas e fiquei encantada com a premissa desse, parece uma história fascinante. E é lindo quando percebemos o cuidado do autor em construir tudo, desde ambientação até personagens, de forma a nos fisgar e nos fazer amar cada parte da obra. Não lembro de ter lido livros ambientados no Oriente Médio, mas quero muito conhecer e tenho a profunda impressão de que vou amar esse porque amooo fantasia também. ❤️🧡
    Linda resenha.
    Beijos

  3. Cecília Justen de Souza

    Ei! Tudo bem?

    Vivo comprando livro pela capa, então não julgo, e essa capa é realmente maravilhosa. Que bom que a obra é tão boa quanto a edição 🙂 Sobre a história, não sou fã do gênero, mas amei sua resenha e espero conseguir dar oportunidade para o livro em breve.

    Beijos!

  4. Jacqueline Vasconcelos

    Oi,tudo bem ?

    Não conhecia o livro e essa série, mas me parece ser bastante interessante. Gostei da proposta, dos trechos ressaltados e gosto muito do gênero . Amo quando uma compra pela capa da certo viu kkkkkkk, quero muito ler e já abri no link via amazon. Parabéns pela resenha linda e sincera, com toda certeza é uma boa indicação.

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