Resenha | O Fim da Infância, Arthur C. Clarke

Eu esperava começar a ler os livros do Arthur C. Clarke a partir de 2001: Uma Odisseia no Espaço, mas a primeira oportunidade para conhecê-lo surgiu através de outro que é tão popular quanto: O Fim da Infância. Além de ter sido uma ótima primeira experiência, também foi o melhor livro de sci-fi que li no ano.

Imaginem aquela famigerada cena do Independance Day, quando naves enormes aparecem no céu – não se preocupem, o livro veio antes do filme, então não é plágio. Em um dia comum, o céu estava pipocando com naves enormes e muito peculiares. A situação permaneceu desta forma durante um tempo, até que os seres visitantes finalmente decidiram se comunicar com os humanos, e pasmem, eles utilizavam um inglês quase perfeito.

Aos poucos eles traçaram uma linha de comunicação e designaram um representante humano para lidar com eles, que ficaram conhecidos como os Senhores Supremos, por conta de sua eminência, principalmente no campo tecnológico. A humanidade não ofereceu muita relutância em aceitar o que eles impunham, afinal tudo o que faziam era em prol da Terra.

“Era assombroso como tantos abusos, loucuras e males podiam ser desfeitos por aquelas mensagens do céu . Com a chegada dos Senhores Supremos, as nações souberam que não precisavam mais temer umas às outras, e adivinharam (antes mesmo de experimentar) que as armas existentes seriam inúteis contra uma civilização capaz de atravessar o abismo entre as estrelas.”

No decorrer do tempo, a Terra começou a evoluir devido aos seus feitos. Você deve estar se perguntando qual a motivação que eles tinham por trás de toda essa caridade, mas este é apenas um dentre vários outros mistérios envolvendo os Senhores Supremos. Desde a chegada deles, ninguém nunca os viu, nem mesmo o representante humano.

As reuniões eram frequentes, mas elas eram feitas dentro da sala de uma nave vazia, preenchida apenas com a voz de Karellen, um dos líderes dos Senhores Supremos. Existia toda uma especulação do porquê eles não se mostravam ou também como eles eram. Sátiras os ilustravam como animais repugnantes e rastejantes, mas a verdade estava muito longe de qualquer especulação.

Contudo, a história nos apresenta uma sociedade utópica, onde a população evolui muito rápido por conta da imposição e sabedoria dos alienígenas. Os mistérios tornam a história ainda mais intrigante do que a transformação da humanidade, então você a consome com rapidez afim de compreender para onde ela irá te levar.

A escrita do autor também me deixou maravilhada. Os personagens são bem caracterizados e os elementos científicos são fáceis de acompanhar. O que intriga são as ideias. Ele escreve diálogos sagazes e dosados de um humor muito gostoso. A relação entre Stormgren e Karellen, por exemplo, foi bastante divertida de acompanhar.

A principal ressalva com relação ao livro é por causa do autor, Arthur C. Clarke. Depois de descobrir as polêmicas que o envolvem a casos de pedofilia e assédio, além de aplicar a distinção entre obra e autor, também me vi com o olhar crítico ainda mais aguçado. Para a minha sorte, a história foi tão boa que me senti imersa a ela, sem lembrar dos problemas que circundam o autor.

“Os planetas, um dia, talvez vocês conquistem. Mas as estrelas não são para o homem”.

A história se mostra grandiosa e ainda mais intrigante a cada página. O desfecho foi muito além do que eu esperava e fez minha mente explodir. A trama apresenta os elementos de sci-fi que eu mais aprecio, como um universo bem estruturado, personagens interessantes e uma trama bastante sólida, que te instiga através dos mistérios.

É o tipo de livro que também te faz refletir muito sobre as nossas ações e propósitos. Por me deixar tão envolvida do início ao fim, além de favoritá-la, ela com certeza estará presente entre as melhores leituras que realizei no ano. Se você deseja conhecer o autor, garanto que iniciar através desse livro será uma experiência tão significante quanto a minha.

Exemplar cedido em parceria com a editora.


O Fim da Infância

Título: O Fim da Infância
Autora: Arthur C. Clarke
Tradução: Carlos Angelo
Editora: Aleph
Ano: 2019
Páginas: 320
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Sinopse: Em plena Guerra Fria, enquanto russos e americanos se preparam para a corrida espacial, imensas naves surgem sobre as principais capitais do mundo, revelando um dos grandes mistérios da humanidade: O homem não está sozinho no universo.
Seus ocupantes, chamados de Senhores Supremos, dominam a Terra de forma pacífica e melhoram substancialmente as condições de vida. A ignorância, a guerra e a pobreza deixam de existir, dando início a uma era de ouro. Porém, uma dúvida assombra a humanidade: quais seriam os verdadeiros objetivos dos Senhores Supremos? Até quando suas políticas iriam coincidir com o bem-estar dos homens? As respostas para essas questões podem revelar uma verdade aterradora.
Edição inédita no mundo: inclui o conto que deu origem ao livro e uma versão alternativa do primeiro capítulo.

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One Comment

  1. Eloise

    Oi Gi,
    Você sempre me empolgando com suas resenhas. Quero ler mais sci-fi este ano e com certeza irei inserir este livro na lista. Queria ler Uma Odisseia no Espaço, mas agora fiquei mega interessada nesta leitura. Necessito!

    Bjokas!
    http://cronicasdeeloise.blogspot.com/

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