Resenha | A Catedral do Mar, Ildefonso Falcones

Muito antes de a cidade de Barcelona ser conhecida como um dos principais palcos do futebol mundial, graças ao time que leva o nome da cidade, e antes mesmo de passar por ali um dos principais arquitetos da história da humanidade, o catalão Antoni Gaudí, um dos responsáveis do Modernismo na Espanha; Barcelona foi palco de homens com grandes conquistas, como Jaime, O Conquistador, e Pedro, O Grande.

Era ali, que muitos homens vinham em busca de sua liberdade. Estar em Barcelona, era sinônimo de ser dono de sua própria vida, do seu próprio destino. Mas para isso era preciso viver na cidade por um ano e um dia, e assim, poder se livrar da obrigação e da crueldade dos senhores donos de terras. Viver ali era ter a oportunidade de ser muito mais que um camponês, poderia sonhar em ser um artesão, um mestre de obras ou até mesmo um bastaixo, profissão responsável pelo carregamento e descarregamento de mercadorias nos portos catalães e espanhóis. Pode parecer um simples ofício qualquer, mas que gerava admiração de muitas pessoas.

Mas nem tudo eram flores nessa época. No século XIV, Barcelona, assim como em várias regiões da Europa, transitavam do período feudal para o chamada renascimento das cidades. Com o surgimento de novos ofícios e a expansão comercial e marítima, cidades guerreavam para mostrar a sua superioridade, e a cidade catalã tinha como um dos seus principais rivais a cidade italiana de Gênova.

Outra característica da época, era a maneira como os judeus eram tratados como escória na Europa. O antissemitismo foi muito forte e presente na Idade Média e na Moderna, tão forte ao ponto que se alguém visse você conversando ou ajudando um judeu, logo seria julgado como um inimigo público. Tudo o que acontecia de errado, desde conflitos, e até doenças, a população jogava a culpa nos “assassinos de Jesus Cristo”.

“Do alto da serra de Collserola, na antiga via romana que ligava Ampúrias e Tarragona, Bernat contemplou a liberdade e… o mar!

E sabe o motivo de estar falando tudo isso? Muito simples, é nesse contexto de promessas de liberdade, e ao mesmo tempo muito preconceito e violência que Bernat Estanyol e seu filho Arnau, fogem de Navarcles, um dos principais catalães, e do cruel senhor daquelas terras, Llorenç de Bellera. Tudo isso por culpa de uma tradição odiosa, Bernat estava prestes a se casar com Francesca, mas Llorenç chegou na festa e como era seu direito (volto a falar, uma tradição odiosa), desposou a noiva antes do noivo, e obrigou Bernat a transar com sua mulher na frente dos soldados.

“Aprenda a usar a liberdade que nos custou tanto esforço alcançar, meu filho. Só cabe a você decidir.”

Francesca nunca mais foi a mesma a partir daquele momento, e para piorar, acabou indo servir na casa do Senhor Bellera. Bernat conseguiu resgatar o seu filho, e teve a certeza que o garoto era realmente seu, pois possuía a marca no rosto que era característico dos Estanyol, e fugiu para Barcelona.

Ali Arnau cresce, faz grandes amizades e inimizades, ajuda o seu pai, exerce o ofício de bastaix, e como acredita que sua mãe esteja morta, começa a dedicar a sua vida a Virgem Maria da Catedral do Mar, a quem ele chama de sua mãe. Com muita determinação e responsabilidade para alguém tão jovem, seu sonho é ver concluída a grande reforma da catedral, que ficará digno para a sua Mãe.

Como se pode perceber, a história é uma ficção histórica. E no decorrer das 576 páginas do livro, passam-se 64 anos. Surgirão inúmeros personagens que realmente existiram na história catalã, e o autor explica tudo em uma nota ao final do romance.

A Catedral do Mar – Netflix

Sempre gosto de avisar que é possível encontrar a história do livro em outras plataformas, na Netflix temos a série com o mesmo nome do livro, com oito episódios durando quase uma hora. E eu pretendo assistir muito em breve. Boa leitura e assistida. Valeu!

Exemplar cedido em parceria com a editora.


A Catedral do Mar

Título: A Catedral do Mar
Autora: Ildefonso Falcones
Tradução: Cristina Cavalcanti
Editora: Intrínseca
Ano: 2018
Páginas: 576 
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Sinopse: O best-seller mundial que inspirou a nova série da Netflix Saga com mais de 6 milhões de exemplares vendidos apenas na Espanha e que inspirou a série homônima disponível na Netflix, A catedral do mar acompanha a vida de Arnau Estanyol. Filho de um servo que escapa dos abusos de seu senhor feudal e se refugia em Barcelona, Arnau tem a vida marcada pelo trabalho árduo e pela devoção à Virgem Maria. A fé liga sua história a um dos principais templos da Catalunha ― Santa Maria do Mar ―, e a igreja do povo se torna ela mesma um personagem à medida que Arnau acompanha sua edificação. De fugitivo a um dos mais respeitados membros da comunidade barcelonesa, ele acaba se aproximando de perigos cada vez mais intensos, como a temida figura da Inquisição. Mas a bondade do homem para com seus colegas de trabalho, clientes e até mesmo aqueles considerados párias ― como mouros e judeus ― acaba levando-o longe, ainda que frente a tantos conflitos. De forma raramente encontrada na literatura, A catedral do mar descreve o sistema medieval em detalhes, abordando tanto a arquitetura e a cultura da Barcelona da época quanto suas complexidades jurídicas e financeiras. Ao escrever com evidente paixão sobre um dos períodos mais complicados da história da Catalunha, Ildefonso Falcones construiu este romance épico que se tornou um dos maiores best-sellers recentes da Espanha.

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One Comment

  1. Ronolfo

    O filme deveria ter outro título!
    ” Não há nada que está tão ruim que não de pra piorar”

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