Resenha | Descender: Estrelas de Lata, Jeff Lemire
A primeira coisa que chamou a minha atenção em Descender foi a ilustração da capa. Fã de sci-fi space opera, qualquer história que se passe nas estrelas ganha o meu interesse. Depois, percebi que o quadrinho era de Jeff Lemire, um autor que já vem me ganhando através de Black Hammer.
A princípio, Descender nos apresenta os fragmentos de um fatídico dia, quando robôs gigantes surgiram de repente ao redor de planetas superpopulados. Membros do Conselho Galáctico Unido (CGU) se reúnem em Nyrata para avaliarem a situação e se prepararem para um possível conflito. Porém, antes disso os robôs atacam de forma devastadora, dizimando quase toda a população de Nyrata e destruindo outros tantos planetas.
O mais curioso dessa situação é que da mesma forma que os robôs surgiram, eles também desaparecem, de forma instantânea. Ninguém compreendeu o porquê, somente teve que lidar com o rastro de destruição deixado por eles. Em um mundo onde várias espécies e robôs conviviam juntos, a revolta foi tanta que uma guerra anti-robô surgiu logo após a tragédia.
“— Eles começaram a nos caçar ali mesmo, destruindo um a um sob os aplausos de nossos antigos donos e companheiros.
— Mas… Por quê?
— Porque eles têm medo de nós, Tim-21. Porque se sentiram feridos e precisavam ferir para descontar a dor.Porque são humanos.”
O início é um tanto confuso, porque você se vê perdido diante de tanta informação. Os planetas, as espécies, os ataques. A confusão é proposital, desde que a própria ilustração de Dustin Nguyen nos apresenta traços indefinidos e uma paleta vibrante. É preciso estar atento para não perder nenhuma informação. Digo isso porque eu mesma precisei ler o começo mais de uma vez, e a segunda se mostrou muito mais eficaz e esclarecedora.
O quadrinho aborda o famigerado embate entre homem e robô; humanidade e máquina. Este é sempre um tema que desperta o meu interesse, ainda mais quando ele é ilustrado em toda a sua complexidade, mostrando que não é simples exibir uma visão maniqueísta sobre o assunto.
Voltando à paleta, há uma sequência eletrizante que mescla momentos de ação com flashbacks, e as cores se mostram essenciais para conduzir o ritmo da história. Particularmente, essa foi a minha cena favorita do quadrinho, porque eu realmente fiquei sem fôlego quando a li. Gostei muito como a história, os traços e as cores estavam em sintonia na construção do quadrinho, ambos contribuindo para transmitir o mesmo sentimento.
Descender deu início a sua história com o pé direito. Logo de cara já me senti envolvida com a história e os personagens, querendo desvendar os mistérios da trama. É exatamente por este motivo que me controlei para não revelar demais a premissa, para que vocês não saibam muito sobre a história e tenham uma experiência próxima a minha. Os personagens são carismáticos e cativantes, e o relacionamento que surge entre eles é muito promissor. Estou ansiosa para conferir o que Jeff Lemire reserva para essa sequência.
Exemplar cedido em parceria com a editora.
Título: Descender: Estrelas de Lata (vol. 1)
Autor: Jeff Lemire
Ilustração: Dustin Nguyen
Letras e design: Steve Wands
Tradução: Fernando Scheibe
Editora: Intrínseca
Ano: 2019
Páginas: 144
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Sinopse: O primeiro volume, Descender: Estrelas de Lata, reúne os fascículos 1 a 6 da série e nos apresenta a uma realidade desconcertante: robôs gigantes conhecidos como Ceifadores invadiram a galáxia e destruíram planetas e civilizações inteiras, criando nos que restaram uma aversão às máquinas. Desde então, foram implementadas políticas de perseguição e extermínio de robôs. Essa caça implacável põe em risco a vida de Tim-21, um jovem androide de aparência humana que passou uma década num sono profundo, mas que pode conter em seu código vestígios dos assassinos do passado, o que faz dele o ser mais procurado do universo. Por isso, só resta a Tim-21 fugir. Ao lado dos amigos Bandit e Perfurador, ele percorre planetas e galáxias, desviando de inimagináveis perigos com um único objetivo: sobreviver.
Dos vencedores do Eisner Awards, este épico arrebatador e comovente, de cores intensas e vibrantes, narra a trajetória de humanos e máquinas, que ficam frente a frente em uma guerra que traz uma única certeza: não haverá vencedores. Uma história tão impactante que, antes mesmo de ser publicada nos Estados Unidos, teve os direitos de adaptação para o cinema adquiridos pela Sony Pictures.
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