Resenha | Com Amor, Simon – Becky Albertalli
“Você já se sentiu preso dentro de si mesmo? Não sei se isso faz algum sentido. É que às vezes parece que todo mundo sabe quem eu sou, menos eu”.
Sabe aquele tipo de livro que já de cara desperta o seu interesse, porque você sabe que a leitura irá proporcionar inúmeras coisas boas? Em Com Amor, Simon foi exatamente assim. A leitura resultou em tudo aquilo que eu esperava, além de ter me surpreendido ao tratar de assuntos delicados com naturalidade.
Desde o ano passado que esse livro estava presente na minha lista de desejados, mas vocês sabem como é, ele precisa de um empurrãozinho para se tornar notável, diante de tantos títulos. E isso se deu por conta da estreia do filme, quando me deparei com um trailer divertido e logo em seguida fui atingida por um estalo. Como deixei esse livro passar?
Simon, um garoto de 16 anos é gay, mas quase ninguém sabe. Nem mesmo seus melhores amigos ou família, somente uma pessoa em especial, com quem ele é capaz de ser ele mesmo e dividir todos os seus anseios. Este, se identifica como Blue, mas tanto Simon quanto ele não sabem quais as suas verdadeiras identidades. Eles apenas trocam e-mails, dividem situações de empatia e desabafam um para o outro, porém também há algo a mais. Um sentimento especial que paira entre os dois, mas que beira o inusitado. É possível se apaixonar por alguém que você nunca viu, e que desconhece até mesmo o seu verdadeiro nome?
Não é tão simples quanto parece – Blue é tímido, reservado, misterioso e ao mesmo tempo encantador, então, por medo de afastar o garoto, Simon faz o possível para deixar esse sentimento em segundo plano e aproveitar a amizade que há entre eles. Porém, essa amizade corre o risco de chegar ao fim, quando Martin, um dos nerds da escola, descobre essa troca de e-mails e começa a chantagear Simon em benefício próprio. Simon tem duas escolhas, ajuda Martin com o que ele quer, ou o seu segredo será exposto para todos.
“É mesmo irritante que hétero (e branco, diga-se de passagem) seja o normal e as pessoas que precisam pensar sobre sua identidade sejam só aquelas que não se encaixam nesse molde”.
Os personagens dessa história são cativantes e foram bem construídos, apesar de ter demorado um pouco para me apegar aos amigos de Simon, que apresentaram características e conflitos naturais de adolescentes, mas sem se deixarem cair na chatice. Com exceção de Leah, uma personagem que me incomodou um pouco, mas suas atitudes foram compreendidas no decorrer da história. Já a família de Simon é encantadora e real, que comete falhas, mas todos estão lá para apoiar uns aos outros. Fiquei muito envolvida com o relacionamento que eles tinham entre si, que superaram até mesmo os momentos de Simon com os seus amigos.
O romance entre Simon e Blue foi a coisa mais fofa do mundo. O relacionamento dos dois foi construído de forma verdadeira, quando os dois dividiam um com o outro aquilo que não estavam preparados para compartilhar com outras pessoas. Toda a atmosfera de mistério que evolvia a identidade de Blue resultou numa imensa expectativa para descobrir que ele era – e não teve como não sentir a agonia de Simon durante essa busca.
Sem sombra de dúvidas, o mais interessante deste livro foi Simon. Às vezes, quando você acompanha uma história que é narrada em primeira pessoa, você sente a necessidade de estar em outros lugares, acompanhar outros personagens, mas isso não acontece aqui. Simon é um personagem extremamente cativante, e você não quer sair da cabeça dele por nada. É muito interessante a perspectiva com que ele lida com os seus problemas, oferecendo uma visão diferente da qual estamos acostumados.
“Embora essa coisa toda de sair do armário no fundo não me assuste. Acho que não. É uma caixa gigantesca cheia de constrangimento, e não vou fingir que anseio por esse dia. Mas provavelmente não seria o fim do mundo. Não para mim”.
Como por exemplo, um dos seus pensamentos, o que foi para mim, a discussão mais válida do livro. Por que quando se é gay, você tem a necessidade de “sair do armário”, se isso não acontece com os heterossexuais? Se é um tipo de regra, porque ela não se aplica a todos? E esse questionamento resume também várias outras questões delicadas, mas que foram tratados de forma natural, exatamente como deveria ser. Adoro histórias que tem o poder de discutir as coisas dessa forma.
“Como comentário extra, você não acha que todo mundo devia sair do armário? Por que o comum é ser hétero? Todo mundo devia ter que declarar o que é; devia ser uma coisa bem constrangedora, não importa se você é hétero, gay, bi ou sei lá o quê. Só uma ideia”.
A narrativa de Becky Albertalli acerta em cheio. É simples, gostosa e contém pinceladas de um humor muito bem colocado. Achei incrível os sentimentos que ela foi capaz de despertar em mim, me fazendo lembrar da época em que era adolescente e passava por períodos transformações. Agora estou bastante ansiosa para assistir ao filme e conferir se ele é capaz de provocar as mesmas emoções. Assista ao trailer.
Com Amor, Simon é um livro para te deixar feliz. É uma leitura fluida, com momentos divertidos e outros que você consegue absorver vários ensinamentos. Se você sente interesse por essa história, não faça como eu e a deixe passar por muito tempo. Leia, se encante e se divirta.
Título:Com Amor, Simon
Autor: Becky Albertalli
Tradução: Regiane Winarski
Editora: Intrínseca
Ano: 2016
Páginas: 272
Skoob | Goodreads | Amazon
SINOPSE: Simon tem dezesseis anos e é gay, mas ninguém sabe. Sair ou não do armário é um drama que ele prefere deixar para depois. Tudo muda quando Martin, o bobão da escola, descobre uma troca de e-mails entre Simon e um garoto misterioso que se identifica como Blue e que a cada dia faz o coração de Simon bater mais forte.
Martin começa a chantageá-lo, e, se Simon não ceder, seu segredo cairá na boca de todos. Pior: sua relação com Blue poderá chegar ao fim, antes mesmo de começar.
Agora, o adolescente avesso a mudanças precisará encontrar uma forma de sair de sua zona de conforto e dar uma chance à felicidade ao lado do menino mais confuso e encantador que ele já conheceu.
Uma história que trata com naturalidade e bom humor de questões delicadas, explorando a difícil tarefa que é amadurecer e as mudanças e os dilemas pelos quais todos nós, adolescentes ou não, precisamos enfrentar para nos encontrarmos.
Jessica Rabelo
Oii Gisele. Eu amei sua resenha porque lembrei de sensações que tive no decorrer desta narrativa. Eu li Simon no ano passado e curti bastante. Realmente é um livro para nos deixar feliz. Eu tambem gostei pela simplicidade de não ficar aquela coisa de drama desnecessário. Foi um romance, com quase as mesmas dificuldades de um romance.
Beijos.
Blog: Fantástica Ficção
Eloise
Oi Giselle,
Eu ameeei demais sua resenha. Também tenho vontade de ler esse livro, dei de presente a uma amiga e ficou pendurado na lista desde então. Farei como você, darei um empurrãozinho hhahaa
Uma observação tua que amei foi sobre a narrativa em primeira pessoa, já li livro onde tive exatamente essa necessidade de querer saber o que estava acontecendo do outro lado da história e fico feliz em saber que a autora soube trabalhar tão bem isso <3
Acho muito interessante as questões levantadas na trama.
Sua resenha me animou ainda mais para essa leitura <3
Bjokas da Elo!
http://cronicasdeeloise.blogspot.com.br/
Tatiana Castro
Olá!
Irei ler antes de assistir ao filme por causa da sua resenha super completa. Pela sinopse tinha achado a trama muito simplista.
Bjs!
Nilza
😍😍Lindo! Lindo!
Georgia
Fiquei com muita vontade de ler o livro e depois conferir o filme! 🙂
Joyce Santos
Nossa,pelo título eu nunca imaginaria que o livro se tratasse desse assunto.
Sua resenha está bem detalhadinha, irei ler esse livro pelo assuntos abordados e por conter pinceladas de um bom humor, acho ótimos livros assim para descontrair, bjus e bom domingo.
Viviane Ferreira Oliveira
Que resenha fofa Gi, impossível esse livro não ser igualmente incrível!
Eu quero ler e assistir… só não sei em que ordem ainda… hahaha
Achei curioso os detalhes sobre Blue, ainda não tinha visto em nenhuma resenha!
osenhordoslivrosblog.wordpress.com
Jéssica Rabelo
Oii Gisele.
Sabe que no fim das contas eu acabei amando a Leah. Não sei, apesar dela ser meio bobinha as vezes acho a personalidade super bem elaborada.
Eu também amei esse livro e me interessei de cara. É cheio de ensinamentos validos para a vida.
Beijos.